domingo, 26 de outubro de 2008

Tão real que dá medo


Sabe quando você assiste a filmes que não são nenhuma "Brastemp" mas que uma ou duas caracteristicas dele o faz ficar maravilhado, com vontade de repetir a dose?

Pois é, W. é um desses filmes.

Oliver Stone, seu diretor, já passou há muito da sua melhor era. Dirigiu obras-primas como Platoon, Wall Street, Natural Born Killers e The Doors. Dirigiu bons filmes como JFK, Born on the Fourth of July e Any Given Sunday. Depois, dirigiu a bomba Alexander e o mediano World Trade Center. Agora vem W., na categoria de mediano mas com aquela característica especial que o distancia um pouco dos outros medianos de Stone.

Se tem algo que Oliver Stone faz bem é escolher seus atores. Em The Doors, transformou Val Kilmer em Jim Morrison ao ponto que ficava difícil perceber que estávamos vendo um filme sobre Morrison mas SEM o cara. Essa mágica Oliver Stone fez novamente em W.

O filme conta a estória de George W. Bush, o atual presidente americano. Aborda o assunto em dois momentos: logo antes da invasão do Iraque e, em flashback, começa a contar os anos de Bush longe da política, ainda na faculdade. O primeiro diálogo é uma tirada de gênio pois é a cúpula do governo americano tentando nomear a trinca de países "do mal", até chegarem ao famoso Axis of Evil.

O brilhantismo dessa cena, porém, vai além do diálogo. É a oportunidade de Stone de mostrar todos os atores que escolheu para viverem os membros do governo e, também, seus posicionamentos políticos. Josh Brolin é George W. Bush assim como Val Kilmer era Jim Morrison em The Doors. Os trejeitos são perfeitos: aquele olhar idiotizado, a ignorância. Está tudo ali na atuação de Brolin, que merece um Oscar. Mas não pára por aí. Vejam só os nomes e os papéis:

Richard Dreyfuss - Dick Cheney
Scott Glen - Donald Rumsfeld
Thandie Newton - Condoleezza Rice
Jeffrey Wright - Colin Powell

A lista continua, mas esses quatro mais Josh Brolin formam o primeiro time e são sensacionais. Rice é mostrada como uma completa débil mental, que mal tem opinião. Cheney e Rumsfeld são retratados como radicais de direita, partidários da tese do "atire antes e pergunte depois". Powell, por outro lado, é mostrado como um homem inteligente e comedido, um verdadeiro gênio no meio de tantos imbecis.

Mas Bush é mesmo o ponto alto: o tempo todo ele é mostrado como um filhinho-de-papai que nunca fez nada na vida e que, de uma hora para outra, sem ter vocação, partiu para a política. Stone deve odiar Bush pois sempre que pode mostra o presidente comendo de boca aberta e falando, que nem um homem das cavernas.

Essas assombrosas semelhanças dos atores com as pessoas reais e o hábito repugnante do presidente em comer mostrando a comida também "jogam" contra o filme pois um assunto que é sério acaba virando uma comédia. É impossível não gargalhar com Bush atacando um sanduíche na Casa Branca enquanto Cheney mal consegue tocar na comida de nojo. Acho que foi essa a intenção de Stone mas o filme acaba oscilando entre um drama e uma comédia, sem muita definição, talvez até retratando com fidelidade a vida como ela é mas que, para um filme, fica um pouco estranho.

O certo é que cada um dos atores desse filme merece aplausos de pé por encarnarem tão bem seus papéis. O filme fica em segundo plano.

Nota: 7 de 10

Um comentário:

  1. Esse eu estou querendo ver. Agora com sua opinião, definitivamente verei!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."