sábado, 30 de julho de 2011

Crítica de filme: Captain America: The First Avenger (Capitão América: O Primeiro Vingador)

Em sua escalada para chegar ao filme dos Vingadores, um dos mais esperados de 2012, a Marvel Studios não errou uma vez. Começou com o excelente Homem de Ferro e com o ótimo O Incrível Hulk em 2008, ainda sem tentar realmente amarrar todo o seu universo, fora umas pequenas cenas aqui e ali e as famosas cenas teaser nos respectivos finais. Mais confiante com seus produtos, a Marvel continuou então em 2010 com Homem de Ferro 2, que é bom mas é quase um trailer para os Vingadores. Com as críticas negativas mas ainda com sucesso nas mãos, a Marvel arriscou em 2011 lançando Thor, um herói baseado em mágica  (em contraposição à pegada mais "real" dos filmes anteriores) e, novamente, acertou na mosca, até mesmo reduzindo a ligação com Vingadores para não cair no mesmo erro do filme anterior.

E, agora, com Capitão América, o herói que fecha a "santíssima trindade vingadora", por assim dizer, a Marvel está pronta para servir o prato principal, em jogada de marketing que mimetiza o que é comum nos quadrinhos: estórias de heróis separados que, em determinado momentos, se cruzam, para formar um grupo para lugar contra uma ameaça maior. Um risco, com certeza, mas que a Marvel tirou de letra.

O Capitão América sempre foi meu herói favorito quando era pequeno. Lia tudo que saía com o herói e adorava sua origem na Segunda Guerra Mundial, o que dava um charme todo especial à mitologia. Parei de ler por muitos anos, voltando somente quando dei de cara com um volumão com os primeiros 25 números da série do herói escrita por Ed Brubaker, que estava recebendo grandes críticas do meio especializado. E fui fisgado novamente. Brubaker atualizou o Capitão sem apagar seu passado. Ao contrário, ele o utilizou ao máximo, manobrando-o para magistralmente justificar a volta de um dos personagens Marvel que mais tempo ficou morto: Bucky Barnes.

Mas eu divago.

Quando soube que a Marvel havia se decidido fazer um filme de origem do Capitão América sem inventar, por exemplo, que ele foi criado durante a Guerra do Afeganistão, ou algo do gênero, vibrei muito. Era tudo que queria: o Capitão América em um filme de grande orçamento (e não aquelas porcarias feitas para TV da década de 80 e 90 que tenho arrepios só de lembrar mas que, quem tiver coragem, pode ver um deles aqui) e seguindo a estória clássica.

Assim, depois de um excelente início nos dias de hoje em que um Capitão América congelado é achado no extremo norte do mundo, o filme imediatamente corta para o franzino Steve Rogers (Chris Evans, o Tocha Humana do Quarteto Fantástico nos fracos filmes da Fox) tentando alistar-se para lutar na Segunda Guerra. Seu físico patético e seu histórico de doenças o impedem de ser aceito mas ele não desiste. Seu melhor amigo, James Buchanan Barnes (Sebastian Stan), acabou de se alistar e está partindo para a guerra e, quando eles estão comemorando, o Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci) entreouve o discurso de Rogers sobre sua vontade de ser um soldado e resolve ajudá-lo. A partir daí, vemos a criação do primeiro - e único - supersoldado, seu uso pelo governo americano para fazer propaganda e vender bônus de guerra e, em uma excelente e heróica cena, o nascimento efetivo do herói que conhecemos.

Comandando o Capitão, temos o Coronel Chester Phillips (Tommy Lee Jones, responsável pelos ótimos alívios cômicos) e a musa do herói, a agente Peggy Carter (Hayley Atwell). Do lado de lá, os bandidos são o Dr. Arnim Zola (Toby Jones) e, claro, Johann Schimidt, o temível Caveira Vermelha (Hugo Weaving). Para quem receava uma atuação cheia de canastrice de Evans, podem ficar tranquilos: ele está muito bem e extremamente crível como o Capitão América.

Joe Johnston, o diretor que recentemente fez o péssimo (não totalmente por culpa dele, devo confessar) O Lobisomen, conseguiu extrair de todos os atores e do roteiro, partes iguais de charme e aventura no estilo pulp (como a série Indiana Jones) para todos os gostos, mas sem esquecer dos fãs ardorosos da Marvel. Para todos os não fãs da mitologia do Capitão América, Johnston fez um filme de fácil digestão, quase uma sessão da tarde mais requintada e com bons efeitos especiais. É um típico feel good movie, que só extrai sorrisos. Para os fãs, Johnston largou, aqui e ali, elementos importantes de todo o histórico Marvel, como um aceno a um famoso herói que também lutou na Segunda Guerra ao lado do Capitão dos quadrinhos (pisque e você perde) e uma divertida brincadeira com o visual um tanto ridículo do Dr. Arnim Zola dos quadrinhos (tem que realmente conhecer o personagem para pegar essa).

Diferente de Homem de Ferro 2, que perdeu um pouco da personalidade por ter elementos demais dos Vingadores, quase sendo uma introdução ao filme de 2012, Capitão América mantém sua estrutura e integridade, com bom desenvolvimento de personagens, ainda que, no melhor estilo pulp, eles sejam rasos como um pires. Mas Johnston usou de toda sua arte - que deve ter aprendido quando fez o excelente Rocketeer, de 1991 - para também agradar à Marvel e ligar o filme à mitologia dos Vingadores de maneira orgânica e natural. Temos, por exemplo, o pai de Tony Stark, Howard Stark (infelizmente Dominic Cooper e não o excelente John Slattery, como apareceu em Homem de Ferro 2), um bom cientista mas que é mostrado como um fanfarrão e, claro, o McGuffin do dia, o Cubo Cósmico, arma que o Caveira Vermelha acha no começo do filme e que deixa muito claro que vem dos cofres de Odin, pai de Thor e que chega a aparecer no teaser pós-créditos do filme do deus nórdico.

Por incrível que pareça e contra todas as probabilidades, Capitão América é um ótimo filme, muito parecido em estrutura com Thor tendo, inclusive, o mesmo defeito deste último: uma passagem de tempo pobre, corrida e muito mal feita. Em determinado ponto da estória, quando o Capitão está comandando os Howling Commandos (outro aceno à mitologia da Marvel) a passagem de tempo dá a impressão que tudo ocorre no intervalo de uma semana. O quase romance de Rogers com Peggy Carter fica só no "quase" mesmo e poderia ter sido melhor explorado se a impressão temporal do filme fosse expandida para o intervalo de alguns anos. O mesmo poderia ter sido feito pela amizade de Rogers com Bucky. Isso daria um estofo sentimental brilhante ao filme que talvez o colocasse no mesmo patamar de Homem de Ferro (o primeiro, claro).

Mas Johnston errou feio aí e desenvolveu rápido demais esse momento. O "recorta e cola" dos eficientes roteiros da Marvel, assim, repetiu o grande erro de Thor e tirou do Capitão a chance de ficar no panteão dos grandes filmes de super herói. É ainda um ótimo filme, não se enganem. Algo no patamar de Thor. Mas poderia ter sido muito mais.

Outro ponto que depõe um pouco contra o filme é seu clímax, que deixa a desejar. Seu finalzinho, com o uso forte de um deus ex machina, cria um verdadeiro momento "como assim?" e detrai do grande embate entre o Capitão América e o Caveira Vermelha.

No entanto, os pontos positivos sobrepujam os negativos e Capitão América é mais uma vitória da Marvel. Como eu disse uma vez: a DC está comendo poeira no quesito filmes e é bom ela correr atrás do prejuízo.

Ah, já ia me esquecendo: fiquem até o final dos créditos, como em todo filme da Marvel.

Avante Vingadores!

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8,5 de 10

5 comentários:

  1. Que bom que você gostou, espero que o filme também funcione comigo, já que não estou animado pra ele.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. Quero ver, mas tô indo sem expectativa nenhuma. Não gosto nem um pouco do Capitão América ;)

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  3. Bacana a crítica.
    Também fiz uma crítica do filme aqui:

    http://cinelogin.wordpress.com/2011/08/02/cinema-critica-capitao-america/

    Dá uma conferida.

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  4. @tripedante

    Obrigado pela visita! Volte sempre.

    Já dei um pulo lá no seu blog e deixei um recado.

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  5. Galera, veja cenas exclusivas do filme Capitão América, acesse:

    http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NUmTwqE79r0

    bom divertimento!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."