Dez anos e oito filmes depois, a saga de Harry Potter chega ao fim e o fim é, sem sombra de dúvidas, a melhor parte de tudo que veio antes. O charme inicial do primeiro filme foi destruído pelo péssimo segundo filme, que logo abriu caminho para o terceiro que, até há pouco mais de duas horas, era o melhor filme para mim. Seguiram-se os filmes quatro, cinco e seis, um pior que o outro, seguindo a qualidade dos livros de Rowling que também se deteriorava pois ela passou a dar mais valor à quantidade de páginas do que à estória. Mas aí veio a primeira parte do sétimo livro, que novamente subiu o nível da série, apesar de sofrer - como os outros - da síndrome de "reprodução integral do livro", algo que desgosto com muita intensidade.
Como o sétimo livro foi, efetivamente, uma volta à forma para Rowling, que parou de enrolar e concentrou-se na estória, David Yates, que com a Parte 2 do sétimo filme já dirigiu quatro filmes da franquia, tinha um ótimo material nas mãos e ele soube aproveitar. O produto final é um encerramento apoteótico que com a mais absoluta certeza vai agradar a todos, mesmo àqueles fãs que reclamam da "cor errada da cortina no fundo do quarto da enfermeira de Hogwarts".
Visto em conjunto com a Parte 1, o épico com um total de pouco mais de quatro horas e meia é, sem dúvidas, o melhor da série. Um explosivo final para a incendiária carreira literária e cinematográfica do bruxo mais famoso do mundo (bom, pelo menos depois de Merlin, das lendas arturianas).
David Yates não perde tempo em HP 7.2, iniciando o filme exatamente onde o outro acabou e sem oferecer nenhum flashback resumindo o que aconteceu antes. O conhecimentos ao menos dos filmes anteriores é essencial para se acompanhar propriamente a narrativa. Mas Yates foi esperto e usou o Pensieve, dispositivo que lê memórias de Dumbledore para nos dar, ainda que na parte final do filme, uma espécie de resumo lírico do que aconteceu desde o início. Funciona muito bem.
Mas o que funciona melhor é que esse filme é dividido em três grandes e ótimos atos: a entrada e fuga do banco Gringotts, o que acontece de maneira um tanto corrida mas que tem um dos mais bem feitos dragões de computação gráfica que já vi (Peter Jackson em O Hobbit vai ter que suar para fazer Smaug melhor que o dragão branco de Harry Potter mas tenho certeza que vai conseguir); a primeira parte da batalha em Hogwarts e, finalmente, a segunda parte da batalha.
Entre uma parte da batalha e outra, Yates faz uma pausa, muito na linha do que fez na Parte 1 quando Harry (Daniel Radcliffe), Hermione (Emma Watson) e Ron (Rupert Grint) ficam meses fugindo dos Death Eaters em lugares remotos da Inglaterra e nos apresenta os conflitos finais de Harry e a revelação de todos os desnecessariamente complicados mistérios e segredos criados por Rowling. Nesse filme, a parada dá a impressão de ser mais longa do que o necessário mas os momentos de emoção mais do que compensam a quebra no ritmo como, por exemplo, o triunfal aparecimento de Harry na sala comunal de Hogwarts e a luta entre uma irada Molly Weasley (Julie Walters) e Bellatrix Lestrange (Helena Bonham Carter).
Mas quem rouba a cena no quesito atuação é mesmo o excelente Alan Rickman vivendo Severus Snape. Personagem essencial à trama, Snape é, basicamente, o alicerce emocional de HP 7.2, com excelentes - mas corretamente curtos - momentos entre ele e Voldermort (Ralph Fiennes) e Harry.
Sobre a trama, na verdade não há muito que se falar. É a continuação direta de HP 7.1 com a batalha final entre Voldermort e Harry, com direito à volta de todos os personagens mais importantes de todos os filmes. A fotografia escura, característica da Parte 1, desapareceu como um passe de mágica (acho que perceberam o erro que foi isso no outro filme) e os efeitos especiais - com exceção dos estranhíssimos Dementors, que mais parecem marionetes - estão no auge da forma.
Agora é só esperar para saber se Harry Potter será uma franquia tão duradoura no imaginário dos fãs quanto ainda é Star Wars, mesmo depois de 34 anos.
Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.
Nota: 8,5 de 10 (apesar de não ser uma média, dou 8 para as Partes 1 e 2 vistas conjuntamente)
Meu Deus, como você é mala.
ResponderExcluirConcordo que postar integralmente o livro não é bom, mas discordo quando as mudanças desreipeitam a história do livro. Para mim, o filme foi ótimo até a hora em que Harry destrói a Varinha das Varinhas com mão, como se fosse um pedaço de isopor. Pô, não era varinha mais poderosa do mundo?
ResponderExcluir@ Princesa Leia:
ResponderExcluirOk, mas você não acha isso um detalhe não? No livro ele diz que vai colocar no lugar de direito e nunca usa a varinha, o que efetivamente faz com que ela perca seu poder mas isso é complicado demais para um final de filme.
A escolha dramática correta era essa: quebrar a varinha. Funciona perfeitamente no filme, que não tem muito espaço para complicações.
Além disso, várias varinhas se quebram durante os livros e filmes, deixando claro que elas nada mais são que pedaços de madeira, quase gravetos. Elas podem ser poderosas para mágica (que sai delas) mas elas próprias não.
Vou fazer um paralelo com Dumbledore. Ele era um dos mais poderosos bruxos existentes e morreu, deixando claro que a mágica que sai da pessoa é poderosa mas a pessoa em si é normal (a não ser que ela divida a alma em pedacinhos), assim como o graveto que forma a varinha...
Tem lógica o meu raciocínio?
Depois quero ler a crítica do filme no seu blog!
Volte sempre!
Ritter - Nada a ver uma coisa com a outra, o harry já possuia uma varinha e como você deve ter visto ele ganha outra, quebrar a variha das varinhas nao tira os poderes dele, justamente porque ele já tem outra, e nao importa estar sem varinha porque o poder vem da pessoa, por isso que o draco utilizou a varinha da mae dele.
ResponderExcluirOlha pensa bem antes de falar o que você acha.
Prezado Anônimo (logo aí de cima):
ResponderExcluirPor favor leia de novo o que escrevi pois você interpretou errado. No meu comentário mais acima, disse que a varinha das varinhas fica sem poder, não o Harry.
Olha, leia bem antes de falar as coisas...
Pra mim, a cereja do bolo desse filme foram as referências aos filmes anteriores (sim, eu sou pottermaniaca e chorei horrores com as memórias de Snape). Quase como se fossem easter eggs, essas referências trazem aos fãs da série uma sensação de nostalgia bem como um fabuloso adeus.
ResponderExcluirRepare nos momentos em que aparecem diabretes, o campo de quadribol, o enorme relógio, a câmara secreta...
Anaísa, a jogada com as memórias de Snape foi realmente muito bem bolada nesse filme, servindo como um flashback da série toda. Bem lembrado!
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