domingo, 7 de agosto de 2011

Crítica de filme: Planet of the Apes - 1968 (O Planeta dos Macacos - 1968) - Parte 1

Há muitos anos que não assistia ao clássico Planeta dos Macacos. Sobre as continuações, lembrava-me que tinha visto a segunda, chamada Beneath the Planet of the Apes e que não havia gostado. Sobre as outras três, apenas lembrava-me de relance.

Pois bem, não tem muito tempo, em visita à Fox, sucumbi às compras na loja do estúdio e adquiri todos os cinco filmes em Blu-Ray, numa bela caixa especial com um livro dentro, por um preço substancialmente mais baixo que o preço já descontado da Amazon (vejam a foto da caixa aí em cima). Assim, não me restou outra alternativa que assistí-los, até mesmo em preparação ao vindouro Rise of the Planet of the Apes, que estreou nos EUA nesse fim de semana com uma vitoriosa bilheteria de 54 milhões de dólares, 20 milhões a mais do que a própria Fox esperava. "Rise" estréia por aqui no dia 26 de agosto próximo.

Seguem meus comentários sobre o primeiro, com SPOILERS, pois não creio que exista algum ser humano na Terra com minha idade (além dos 35) que não tenha assistido várias vezes ao menos o primeiro filme (se você não viu, sugiro que veja e depois leia a crítica). As quatro continuações seguirão essa semana ainda.

Planet of the Apes (O Planeta dos Macacos) - 1968

Charlton Heston estrela esse filme dirigido por Franklin J. Schaffner, que pode ser considerado como um dos mais importantes da ficção científica, por ter popularizado o gênero e mostrado sua viabilidade econômica. O filme mistura de forma inteligente o sempre intrigante tema "viagem no tempo" com questões sócio-políticas bem contemporâneas (em 1968 especialmente, mas ainda bem presentes nos dias de hoje).

Charlton Heston é Taylor, um dos quatro astronautas americanos que partiram para uma viagem à velocidade da luz. Ele é o último a entrar em animação suspensa. Quando acordam, estão em um planeta desolado, com a nave afundando em um lago. Eles descobrem que uma das astronautas morreu e os três restantes saem para explorar o mundo.

Fica claro, nos primeiros 30 minutos de filme, que Taylor é um durão que escolheu participar da viagem para ficar sozinho. Não tinha nada na Terra que o prendia. Seus parceiros não são bem assim. Quando chegam em uma área de floresta, encontram humanos mudos roubando milho de uma plantação. Alguns momentos mais tarde, gorilas falantes, galopando cavalos, chegam para caçar os humanos.

Um dos astronautas morre fuzilado. Taylor e seu último colega são capturados junto com vários outros humanos mudos. Taylor foi ferido na garganta e não consegue falar. Ao ser enjaulado para ser estudado pelos chimpanzés Cornelius (Roddy McDowall) e Zira (Kim Hunter), Taylor demonstra inteligência superior e logo desperta atenção. Em uma ótima perseguição, Taylor fala pela primeira vez sua mais famosa frase, para o espanto de toda a cidade de macacos: "Take your stinking paws off me, you damned dirty ape!"

Com isso, ele vai a julgamento e os macacos sábios - orangotangos - resolvem fazer uma lobotomia em Taylor, de forma que ele não fale mais. Os tais orangotangos, liderados pelo Dr. Zaius (Maurice Evans), o Ministro da Ciência, ao mesmo tempo guardião da ciência e da religião (qualquer semelhança com o que acontece hoje em dia não é mera coincidência...), querem impedir que os humanos se utilizem de seus instintos violentos e destruam os macacos.

Com o desenrolar do filme, descobre-se que os humanos desse planeta são todos primitivos e Taylor, em fuga ajudada por Cornelius e Zira, acaba se juntando à belíssima Nova (Linda Harrison). Obviamente, os humanos são caçados pelos gorilas, que fazem as vezes de polícia e de opressores.

A comunidade formada pelos símios nada mais é do que uma comunidade que mimetiza a nossa, ainda que em escala bem menor. Eles consideram os humanos como serem primitivos que só servem para servir e serem estudados, nada mais.

Ao fim de sua fuga, Taylor faz uma descoberta estarrecedora, que deve ter sido incrível em 1968 pois ainda é incrível hoje em dia, mesmo eu já tendo visto em esse filme uma boa quantidade de vezes: na verdade, em sua expedição espacial, Taylor não acabou em outro planeta mas sim na própria Terra, depois de ser catapultado para o ano 3.978 no futuro. Imediatamente vem à sua cabeça a explicação: os humanos se destruíram e a Terra foi dominada pela segunda espécie mais inteligente. Ele então grita de frustração e segue sua fuga.

Como filme de ficção científica, O Planeta dos Macacos é perfeito. Tem questões intrigantes, viagem no tempo, revelações chocantes e efeitos práticos (as máscaras dos macacos) excelentes. Como crítica social, o filme também funciona perfeitamente. Na mesma linha que filmes de zumbi servem para deixar às escâncara o consumismo e a maldade humana, O Planeta dos Macacos desvela o preconceito, nossa pretensa superioridade e outros defeitos de nossa sociedade. Na verdade, eu não esperaria algo diferente de um roteiro do mestre da ficção científica Rod Serling, que adaptou o livro do francês Pierre Boulle (o mesmo autor de, pasmem, escreveu A Ponte do Rio Kwai). É claro que, para isso, Serling não se despe completamente dos estereótipos (o humano incompreendido, o cientista bonzinho, os manipuladores e os opressores) mas que, dentro do conceito e da lógica do filme, acabam ajudando a trama.

A atuação de Heston, cheio de caretas, parecendo um homem das cavernas, cumpre de maneira muito eficiente seu papel de contrastar a selvageria dos humanos e a delicadeza e inteligência dos chimpanzés Cornelius e Zira. Aliás, Roddy McDowall dá um show como Cornelius. As feições marcantes do ator são perfeitamente visíveis atrás da máscara de macaco e sua atuação é simplesmente irretocável.

Outro ponto irretocável no filme é a marcante trilha sonora de Jerry Goldsmith que, mais tarde, seria muito bem emulada por outro mestre, Lalo Schifrin, na série de televisão que seguiu o quinto filme. Mas isso é coisa para outra crítica.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 9 de 10

7 comentários:

  1. Nunca vi e confesso que isso é uma enorme lacuna na minha vida cinéfila! :(

    Um dia conserto isso ^^

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  2. Poxa, você está fazendo um especial sobre Planeta dos Macacos! Que máximo! Tou indo dormir agora, mas amanhã vou ler todos os seus textos sobre a saga!

    Obrigado pela visita aqui no Cinebulição! Já te add na coluna de Blogs Parceiros.

    Um abraço.

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  3. Olá, meu caro.

    Veja Melancolia... É um filme absurdamente intrigante e perturbador.Eu saí do cinema com a cabeça a mil...

    Meus parabéns pelo excelente material sobre Planeta dos Macacos que você disponibilizou na sua página. Eu sentei no PC agora, e vou lendo aos poucos, mas fiz uma "pesca" de trechos de todos os textos, e devo dizer... de METIDO a crítico, você não tem nada. =)

    Um abraço, e até mais.

    p.s.: topa fazer uma parceria sobre algum especial futuramente?

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  4. Vou tentar assistir Melancolia correndo, antes de sair dos cinemas. Estou louco para ver e acho que não me arrependerei. Seus comentários parecem confirmar minha impressão!

    E muito obrigado pelos elogios. Vindo de você, um especialista no assunto cinema, eles são especialmente importantes. Valeu mesmo.

    Sobre parceria, não precisa nem pedir. Na hora que você quiser. Servem "especiais" que não necessariamente têm ligação com filmes que estão para ser lançados?

    Abraço.

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  5. Eu gostaria de tirar duas duvidas q eu fiquei , 1ª porque os humanos são mudos ? e 2º o Cesar conseguiu mudar o futuro dos humanos e macacos e eles acabaram sendo livres e aliados como falou o quinto filme ?se ele conseguiu mudar o futuro os mundo não explodiu mais?se ele não conseguiu mudar a historia,ela correu como foi contada nos dois primeiros filmes.

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  6. @ Anônimo:

    Vamos lá:

    1. Os humanos involuíram depois da guerra nuclear. Alguns viraram mutantes (vide segundo filme) e os demais simplesmente reverteram a uma forma mais primitiva, meio "homem da caverna" enquanto os símios evoluíram.

    2. Aqui a resposta é mais complicada. Há duas linhas temporais. A normal que começa no primeiro filme e acaba no final apocalíptico do segundo e outra linha temporal criada pela viagem de Cornelius e Zira ao passado. Quando eles fazem isso, eles abrem outra linha temporal, em que Cesar - e não Aldo - foi o primeiro macaco a falar. Assim, os files 3, 4 e 5 se passam nessa linha temporal alternativa. Essa é, pelo menos, a melhor explicação que consigo achar.

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  7. Assisti o primeiro filme sa serie mas os outro não nassexta passada assisti a origem sobre o pai de todos os simeos um filme tão fantástico quanto ode 1968 queri ver todos para ai sim saber começo meio e fim dessa grande saga

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."