domingo, 26 de dezembro de 2010

Club du Film - 5.63 - Mean Streets (Caminhos Perigosos)


Caminhos Perigosos foi o terceiro longa metragem dirigido por Martin Scorsese e foi lançado em 1973. O Club du Film (mais sobre ele ao final) viu o filme em 26.10.10.

Harvey Keitel faz seu segundo filme com Scorsese, quase que repetindo seu primeiro papel, de homem extremamente religioso em Who's That Knocking on my Door. Em Caminhos Perigosos, porém, o papel de Keitel, dessa vez fazendo Charlie, é bem mais desenvolvido. Charlie trabalha duro dentro da estrutura da máfia para seu tio, para crescer por seus próprios méritos. Ele ainda é muito novo, está apenas começando, mas trata tudo da maneira mais profissional que pode.


Acontece que Charlie tem dois problemas: um deles é sua namorada Teresa (Amy Robinson) e o outro é o primo dela, Johnny Boy (Robert de Niro). Teresa tem epilepsia e, por isso (a doença era ligada à problemas de cabeça no imaginário preconceituoso da época) o relacionamento não tem aprovação do tio. Johnny Boy é um garoto com  muitos problemas. Totalmente desequilibrado, não consegue manter um emprego e joga todo o dinheiro que ganha, tendo tomado empréstimo - que não paga - com o agiota Tony (David Proval).

Charlie tenta esconder o relacionamento com Teresa, ao mesmo tempo em que passa o tempo todo renegociando a dívida de Johnny Boy, para evitar o pior. Obviamente, as coisas não podem acabar bem.

E essa conclusão nós, espectadores, conseguimos tirar no minuto em que vemos Johnny Boy estourando uma caixa de correios por mero divertimento logo no começo do filme. Sabemos que o garoto não tem como acabar bem e que ele muito provavelmente arrastará mais gente com ele para o inferno. E inferno é uma palavra boa de se usar pois ela se contrapões à religiosidade de Charlie. Charlie é um gângster ou, ao menos, um aprendiz de gângster. Apesar de ser muito mais centrado que Johnny Boy (acho que McMurphy de Um Estranho no Ninho é mais equilibrado que Johnny Boy...), Charlie só faz coisas que, obviamente não podem ser aceitas aos olhos de Deus: desde sua coleta de dinheiro, passando por seu preconceito e até mesmo pelo seu namoro com Terese. Ele sente aquela culpa cristã fortemente e por todo o tempo e talvez venha daí sua vontade quase que cega de ajudar Johnny Boy.

Mas eu, particularmente, não gostei do filme, apesar dos grandes nomes na direção e no elenco. O filme não tem estória, sendo, basicamente, um apanhado de cenas demonstrando o cotidiano na vida de candidatos a mafiosos. O personagem de Johnny Boy arrebata todas as cenas que aparece e isso não quer dizer algo necessariamente bom. Robert de Niro, sem dúvida, é um grande ator e vemos em Caminhos Perigosos aquilo que acabamos nos acostumando vindo dele. Somente para se ter uma idéia, seu filme seguinte foi nada mais nada menos que O Poderoso Chefão II, em papel completamente diferente, demonstrando sua qualidade camaleônica. No entanto, em Caminhos Perigosos, ele faz um personagem irritante demais, caricato demais, por tempo demais. E, como ele é o centro das atenções, isso acabou apagando para mim as demais qualidades desse filme. Eu comparo muito esse papel dele com o de Travis Bickle em Taxi Driver, do mesmo diretor. É um grau de loucura semelhante sendo que Bickle é também o centro total das atenções mas lá a atuação está perfeitamente em sintonia com o tema do filme, ao passo que, em Caminhos Perigosos, ela está um tanto deslocada.

No entanto, é um clássico da máfia e um dos primeiros filmes de Scorsese. Só por isso, já merece ser visto.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Filmow.

Há quase cinco anos, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 4 de 10
Klaatu: 5 de 10
Barada: 7 de 10
Gort: 6 de 10

Um comentário:

  1. Bom, eu que sou viciado em filmes deste gênero gostei, não muito pelo filme em si, pois concordo com vc, mas pela pela ambientação dos anos 70, a trilha sonora, o bar, essas cenas do dia-a-dia que me trazem muita diversão. Valeu assistir, e além do mais, Robert de Niro é um grande ator.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."