sexta-feira, 31 de julho de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 19: Don't Look Now (Um Inverno de Sangue em Veneza)



Há pouco mais de três anos e meio, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: Don't Look Now (Um Inverno de Sangue em Veneza)

Diretor: Nicolas Roeg

Ano de lançamento: 1973

Data em que assistimos: 14.07.2009

Crítica: Reparem nos títulos em inglês e em português. O primeiro é sutil e delicado. O segundo é de uma cavalice só.

O filme é mais ou menos assim também. Tem excelente estória, sutil e belamente contada. Os 30 segundos finais são uma patada no estômago e isso não é um elogio.

Donald Sutherland vive John Baxter e Julie Christie vive sua mulher Laura. Ele trabalha em Veneza, restaurando Igrejas, um tempo depois da horrível morte da filha do casal. O filho ficou em um internato na Inglaterra. Laura nunca conseguiu deixar a morte de lado mas, ao encontrar duas irmãs em um restaurante, sua vida muda. Uma das irmãs, cega, literalmente "vê" a filha do casal e diz à Laura que ela está bem. Laura, depois, tem um treco no restaurante e, ao se recobrar, está mudada, feliz. Ela finalmente tem sua vida de volta.

John, por outro lado, combate o sobrenatural e não consegue acreditar no que a irmã cega disse. Preocupa-se com sua mulher de forma exagerada. Em uma sessão espírita, a cega informa Laura que seu marido também tem o dom de "ver" mas ele se recusa a aceitá-lo. Nesse momento, lembramo-nos da cena inicial quando John parece sentir que algo errado está para acontecer com alguém, só para, depois, encontrar sua filha morta.

Naquela noite, um telefone os acorda. É o diretor do internato do filho dizendo que ele sofreu um acidente. Laura corre para lá de manhã cedo e John, no mesmo dia, vê Laura, de preto, junto com as irmãs, no Grande Canal de Veneza. Sonho ou realidade? Por trás de tudo, há um fiapo de estória com um serial killer na cidade. Vemos, também, por diversas vezes, algo que parece ser uma criança com um casaco vermelho exatamente igual ao que a filha do casal usava ao morrer. É o fantasma da menina ou é o tal serial killer?

O grande trunfo desse filme é a atmosfera, não a estória. Ele se passa no fim de outono, com o começo do frio e com o literal fechamento da cidade. Tudo é escuro menos o tom vermelho que aparece aqui e ali de forma bem proeminente. Vermelho de morte? De sangue? Do casaco da menina? Do serial killer?

O filme genuinamente dá medo. Seja pelo uso da cidade como um labirinto ameaçador, seja pelas irmãs muito estranhas, seja pela reação do policial às preocupações de John. Fica sempre a impressão que há algo errado no ar. Algo incômodo, algo sorrateiro e terrível.

Essa atmosfera poucos filmes conseguem manter até o final. Don't Look Now mantém por 109 minutos e 30 segundos. A revelação dos 30 segundos finais é desnecessária e explícita demais e, pior, sem muita conexão com o filme. Mas vejam bem: aqui, o importante é a construção do medo e não exatamente como se resolve o filme que, decididamente, foi uma maneira fraca encontrada pelo roteirista.

Aliás, é esse final que gerou a grande diferença nas notas abaixo. Quanto mais o espectador der importância a ele, pior será o filme. Se for possível esquecê-lo, e apreciar o filme pelo "crescendo" de pavor (não sustos baratos), a nota vai aumentando. É a diferença entre assistir Don't Look Now e Um Inverno de Sangue em Veneza...

Notas:

Minha: 7 de 10
Barada: 3,5 de 10
Nikto: 2,5 de 10

Um comentário:

  1. Na boa, Don't Look Now só é um título bom para eles, para nós, traduzir como "Não Olhe Agora" seria algo extremamente estranho... Acho que dizer que a tradução é ruim é mais uma das implicâncias que o Brasileiro tem contra as traduções nacionais, que 90% das vezes é bem melhor...

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."