terça-feira, 28 de julho de 2009

Crítica de filme: Ice Age: Dawn of the Dinosaurs (A Era do Gelo 3)


O primeiro A Era do Gelo era um filme bacaninha, com começo, meio e fim. O segundo, já começa a descarrilar mas tinha alguma coisa de coerente. O terceiro perdeu a pouca cola que tinha no roteiro e ficou, basicamente, um monte de quadros de comédia independentes, mal costurados sob uma mesma premissa.

Para quem não sabe, esses filmes contam a estória de amigos pré-históricos: um Mamute macho chamado Manny e outro fêmea chamada Ellie (esssa última só aparece no segundo filme), um tigre-dentes-de-sabre chamado Diego e um bicho-preguiça chamado Sid. No meio deles, há o famoso personagem Scrat, um esquilo que só quer saber de ir atrás de sua noz.

Em Era do Gelo 3, Sid acha ovos de dinossauro, que já deviam estar completamente extintos e resolve cuidar dos rebentos. Claro que a mamãe dinossauro aparece e acaba levando Sid para sua terra, onde vários outros dinossauros vivem. Os amigos de Sid, claro, vão atrás e lá encontram uma doninha caolha meio tantã que lembra muito o Tarzã (não fiz para rimar, juro).

O problema do filme não é exatamente a direção que ficou a cargo, novamente, do brasileiro Carlos Saldanha. Ele tem ótimo domínio do meio em que se especializou: o desenho de computação gráfica. No entanto, não há diretor que salve um roteiro fraco e Ice Age 3 é tudo que os filmes da Pixar não são: pouco original, incoerente, somente para crianças.

Ok, eu entendo desenhos que são feitos somente para crianças e não tem problema. Acontece que o primeiro Era do Gelo tinha alguma inteligência. No terceiro, os roteiristas resolveram emburrecer completamente o nível e tratar todo mundo como criança de 4 anos. Uma besteira pois sei, por experiência com minha filha, que crianças de 4 anos adoram filmes altamente inteligentes como Wall-E e Ratatouille. Simplesmente não é necessário baixar o nível para agradar.

Mas Era do Gelo 3 nada mais é do que a versão diluída e repetitiva dos dois primeiros filmes. Ele funciona mais se o virmos como vários quadros cômicos separados. Isso fica ainda mais evidente quando notamos que Scrat, o tal esquilo maníaco pela sua noz, tem um papel muito proeminente nesse episódio, apesar de não interagir com os personagens principais. As cenas com Scrat, que poderiam, juntas, formar um filme independente, são as mais engraçadas mas, também, as que menos fazem sentido no contexto do filme.

É como se os roteiristas tivessem ficado sem idéias para os personagens principais ou como se tivessem notado que foi esse o personagem que mais fez sucesso desde o primeiro filme. E, de fato, Manny, Ellie, Diego e Sid não têm "personalidade" o suficiente para carregar um filme nas costas. São personagens mornos, simplistas, sem qualquer charme. Scrat é bem mais interessante, apesar de não falar uma palavra. É mais ou menos a mesma coisa que os pinguins de Madagascar são para os demais animais do desenho da Dreamworks/Paramount.

Ah, vi esse filme em 3D e posso garantir que, dessa vez, o 3D não ajuda em nada o filme. Fica efetivamente parecendo que Carlos Saldanha só decidiu usar o efeito para extrair sustos fáceis do público, bem diferente do uso sutil em Coraline, por exemplo. Uma pena que os estúdios não tentem ao menos uma ou duas vezes fazer o que a Pixar faz todos os anos.

Nota: 4 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."