Ben Stiller dirigiu e atuou em Cable Guy e Zoolander. O primeiro é muito ruim e o segundo arranca algumas risadas boas. A terceira tentativa de Stiller fora da TV é Tropic Thunder, em que ele também atua ao lado de grande elenco.
O filme conta a estória de três atores mimados, cada um com suas características, que, ao estilo de Peter Sellers em The Party, estragam um cenário-chave do filme Tropic Thunder, que estão fazendo. Com isso e seguindo a sugestão do autor do livro que está sendo adaptado para o cinema, o diretor leva o elenco para filmar no meio de uma selva de verdade, sem saber que ela é tomada por uma guerrilha fabricante de heroína.
A estória é inverossímil mas isso não interessa. Para começar, é uma comédia escrachada e a estória é só uma desculpa para as piadas. No entanto, Tropic Thunder é um pouco mais que isso pois tem personagens excelentes: Ben Stiller é Tugg Speedman, ator de filmes de ação descerebrados que está em fim de carreira; Jack Black é Jeff Portnoy, ator de comédias em que faz vários papéis ao mesmo tempo e que dependem de piadas escatológicas e Robert Downey Jr. é Kirk Lazarus, ator sério, que mergulha em seus personagens. Cada um desses papéis, é claro, é uma fac-símile de papéis verdadeiros de Hollywood. Os nomes óbvios que vêm à mente são Sylvester Stallone, Eddie Murphy e Sean Penn.
O bacana de Tropic Thunder é exatamente essa crítica feroz aos atores e ao sistema de Hollywood. Do lado dos atores, há a demonstração do quão vazios eles são, do lado dos agentes dos atores (Matthew McConaughey faz Rick Peck, o agente de Speedman), mostra-se a briga por coisas idiotas que estão no contrato como Tivo no meio de uma floresta vietnamita. Finalmente, do lado dos produtores (Tom Cruise vive o papel de sua vida como o desbocado Less Grossman, produtor de Tropic Thunder), mostra-se a frieza e o quanto o dinheiro fala mais alto. E não pára por aí. Tropic Thunder esculhamba os diretores estreantes metidos a sabichões, os especialistas em efeitos especiais, que são verdadeiros maníacos por pirotecnia e até os escritores de livros que são todos eles chamados de mentirosos. Isso sem falar, claro, na sátira à diversos filmes, começando por Apocalypse Now e Platoon, seguindo por I Am Sam e aí por diante.
Mas as cerejas no bolo são mesmo Robert Downey Jr. e Tom Cruise. Kirk Lazarus, o personagem de Downey Jr. passa por uma cirurgia para se tornar negro, de forma que ele possa entrar no papel. Fala o tempo todo - mesmo fora do personagem - com o mais estereotipado sotaque de guetos americanos. O diálogo dele com um ator negro de verdade sobre estereótipos é excelente. Less Grossman é um asqueroso produtor hollywoodiano vivido por Tom Cruise (com excelente maquiagem). A quantidade de palavrões por segundo que ele fala é uma coisa de louco e até nos faz esquecer daquela patetada cientóloga puritana do ator de verdade.
Mas Tropic Thunder tem seus defeitos e o principal deles é a irregularidade do roteiro, que hora é comédia sem limites, com ótimas tiradas mas, em outros momentos, vira filme de ação. Seus altos e baixos lembra uma montanha-russa. Isso torna o filme meio estranho de se ver mas nada que realmente o estrague. Poderia ser sem dúvida mais curto pois aí o roteiro teria coesão, sem parecer gags separadas. No entanto, hoje em dia virou mania fazer filmes mais longos que o necessário como se fosse pecado colocar na lata filmes de 90 minutos (Thunder tem 107).
No todo, Tropic Thunder agrada bastante, especialmente se imaginarmos a quantidade de porcarias que Ben Stiller já fez.
Nota: 7 de 10
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