sábado, 24 de dezembro de 2011

Crítica de filme: Happy Feet Two (Happy Feet 2: O Pinguim)

Nunca entendi o amor por Happy Feet. Ok, o primeiro filme é muito bom sob o ponto de vista técnico: a computação gráfica tem texturas incríveis e as paisagens são lindas e extremamente detalhadas. Além disso, claro, há criaturas fofíssimas e para lá de simpáticas. Mas o filme é, no máximo, morno, com uma estória estranha sobre um pinguim que não gosta de cantar, só dançar (Mano, no original com a voz de Elijah Wood).


Digo estranho pois o filme não é nem exatamente uma comédia nem exatamente um drama. Não que filmes precisem ser rotulados de maneira tão clara mas acontece que o roteiro é indeciso, ora tratando o filme como comédia, ora tratando um filme como um drama de sobrevivência, deixando, no final das contas, como algo sem personalidade.

Happy Feet 2 tem o mesmo problema de seu antecessor mas com um agravante: o pingo de estória que havia no primeiro filme desaparece por completo na continuação. Tanto isso é verdade que os roteiristas tiveram que fazer como em Era do Gelo e criar uma estória paralela, sobre dois krill, para fazer com que o filme alcançasse o tempo regulamentar de 100 minutos.

Em um resumo do tamanho da profundidade da estória, a narrativa nos conta as aventuras de Mano e de seu filho Erik (voz de Ava Acres no original) para salvar a colônia de pinguins imperadores que ficou presa depois de um cataclisma natural com um iceberg. No meio do caminho, Erik tenta substituir a figura de seu pai pela de um "pinguim voador" e Mano tem que lidar com elefantes e leopardos marinhos.

Um dos aspectos mais irritantes do filme e sinal evidente que Hollywood acha que sua platéia é feita de completos imbecis é como Mano é retratado. Ele está exatamente igual ao primeiro filme, com a penugem de pinguim jovem. Será que ele foi o único pinguim imperador que não cresceu? Será que realmente precisávamos disso para identificar o personagem? A mancha em formato de gravata borboleta, característica de Mano, aparentemente, não era suficiente para o intelecto médio humano.

Outro aspecto que mostra a fraqueza do roteiro é Erik. O menino é uma cópia idêntica de Mano quando jovem, inclusive com a tal mancha em formato de gravata borboleta. Assim como Mano, ele tem problemas de adaptação pois não sabe nem cantar nem dançar (será que ele consegue no final?). Mas, claro, estão lá os números musicais característicos do primeiro mas que foram quase todos dublados em português, por alguma razão misteriosa (ainda bem que deixaram Underpressure intacta).

Mas temos os krill. Will (Brad Pitt) é um krill que, como todos, vive em sua colônia nômade gigantesca mas ele tem ambições. Quer conhecer o mundo fora da colônia e, além disso, quer subir na cadeia alimentar. Para isso, ele arregimenta seu relutante amigo Bill (Matt Damon) e sai mundo afora. Essa estória, sem relação com a trama principal (a não ser no finalzinho) que claramente mimetiza as desventuras de Skrat em A Era do Gelo, daria um ótimo curta-metragem animado pois é a melhor parte - de longe - de Happy Feet 2.

Em termos técnicos, Happy Feet 2 é como seu antecessor, sem muitos pulos tecnológicos. Também como seu sucessor, usa a realidade para retratar os humanos mas em escala bem maior mas é por aí que as novidades acabam.

Em última análise, essa continuação, como quase todas, era completamente desnecessária. Se era realmente importante faze-la, então não custava muito tentar contar uma estória decente sem emburrecer conceitos que já não eram tão complicados no primeiro filme. São tantas as possibilidades em animação que é indesculpável um filme tão sem graça com Happy Feet 2.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 3 de 10

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