sábado, 31 de dezembro de 2011

Crítica de filme: A Árvore do Amor (Shan zha shu zhi lian - Festival do Rio 2011 - Parte 8)

A Árvore do Amor é um filme que definitivamente mostra que Zhang Yimou consegue fazer - com sua costumeira maestria - qualquer tipo de filme. Muito diferente de seus filmes mais famosos e de seu trabalho como orquestrador da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, a obra mais recente desse eclético diretor chinês é um filme de baixo orçamento, basicamente com dois atores novos e, por isso, mesmo muito intimista. Ainda que não alcance os patamares de sua melhores obras, como Lanternas Vermelhas (mas chega quase lá), A Árvore do Amor é um delicado filme que merece muito ser visto. Mas, um aviso: levem seus lenços pois esse, com certeza, os fará se debulharem em lágrimas.


Baseado no livro homônimo que teve sua primeira publicação pela internet apenas, o filme conta a estória de um amor impossível entre uma menina e um jovem em plena Revolução Cultural chinesa. Ela se chama Jing (Zhou Dongyu, em seu primeiro papel) e é uma estudante que teve seu pai acusado de ser "burguês" e, por isso, levado para a prisão. Sua mãe faz de tudo para que ela seja um expoente nos estudos para poder agradar ao poder estabelecido na China e, com isso, apagar o passado "desonroso" da família. Ele se chama Sun (Shawn Dou), um rapaz mais abastado que faz uma espécie de estágio em geologia.

A diferença social entre os dois é grande e o passado da família de Jing exige todo o cuidado por parte da menina pois, no regime imposto por Mao, qualquer deslize poderia ser considerado como traição. Assim, os dois jovens acabam se encontrando quando Jing vai conhecer como as pessoas trabalham no campo (parte do currículo escolar) e se apaixonando perdidamente. Mas Sun é respeitoso e o amor é basicamente platônico. Os dois fazem de tudo para se encontrar sempre que possível, com Sun tentando ajudar Jing financeiramente sempre que há uma oportunidade.

Não muito delicadamente, Zhang Yimou usa o amor proibido de Sun e Jing para fazer severos comentários ao regime imposto na China à época (e que, de certa forma, continua até hoje). Ele não perde tempo para deixar claro que o passado "obscuro" da família de Jing foi coisa arquitetada pela intolerância do regime. Ele também deixa claro que as injustiças sociais que a Revolução Social tinha como objetivo combater continuaram e até se agravaram após a revolução. Um símbolo claro disso é o trabalho "extra" que a mãe de Jing tem: ela monta envelopes de papel e cada chumaço de 100 é vendido por apenas um centavo. E eles mal conseguem viver direito em um apartamento apertado, com Jing, dois irmãos e sua mãe. Comida é luxo e botas de borracha para trabalhar são coisas que só existem nas casas dos ricos protegidos pelo regime.

O romance impossível, que em grande parte acontece no campo, tendo em vista as circunstâncias do primeiro encontro dos apaixonados (e que envolve a tal árvore do título), é filmado com belíssima fotografia. O romance em si, exatamente por ser proibido, exige um trabalho constante com as expressões faciais dos dois atores, com excelente resultado. Reparem só na progressão dos encontros. No começo, eles apenas se vêem de longe, depois sentam no mesmo banco, depois se aproximam. Um toque na mão do outro já é considerado - até por eles mesmos - como algo muito avançado. As cenas no hospital são de arrepiar e a última cena (o que Sun vê de onde está - vou deixar enigmático assim para não estragar nada para ninguém) é de fazer qualquer marmanjo abrir o berreiro no cinema.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Filmow.

Nota: 8,5 de 10

4 comentários:

  1. belissimo este filme!!! sim, nao ha como nao chorar. Rico e belo.

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  2. Acabei de assistir e é um filme realmente maravilhoso!

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  3. Filme lindo! Me acabei de chorar. Gostei tanto que fui atrás do livro, infelizmente só achei em inglês, mas comprei assim mesmo.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."