segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Crítica de filme: The Devil's Double (O Dublê do Diabo - Festival do Rio 2011 - Parte 6)

Como estou atrasado em meus comentários! O ano está acabando e nem terminei de falar sobre os filmes que vi no Festival do Rio... Bom, o sexto filme foi O Dublê do Diabo, dirigido por Lee Tamahori (Na Teia da Aranha e 007 - Um Novo Dia Para Morrer) e estrelado - duplamente - por Dominic Cooper (o Howard Stark em Capitão América - O Primeiro Vingador), sobre a vida real do dublê de corpo de um dos filhos de Saddam Hussein, Uday Hussein.


É claro que, para começar, ainda que a ideia geral do filme seja verdadeira (houve um dublê de corpo famoso de Uday e ele sobreviveu a 11 atentados), nem tudo sobrevive ao escrutínio histórico segundo os especialistas, pelo que talvez seja mais interessante encarar o filme como ficção. Afinal, não se trata de um documentário. O filme surpreendentemente empolga e as atuações de Dominic Cooper como Uday e como Latif Yahia (o dublê de corpo) são excelentes.

Tudo começa quando Uday resolve recrutar - sob ponta de faca e outras armas e instrumentos de persuasão - Latif, um amigo seu de escola que sempre foi muito parecido com ele. O objetivo é que, depois de algumas pequenas "modificações", Latif possa ser um segundo Uday, para aparecer em momentos em que há perigo para a vida de um dos herdeiros do trono de Saddam Hussein. Acontece que Uday é um louco varrido, completamente embebido pelo poder e falta de rédeas e Latif tem que lutar contra todos os seus impulsos de acabar com o antigo "amigo" a cada barbaridade que ele faz. Aos poucos, Uday vai sendo absorvido literalmente como uma das propriedades de Latif, dividindo de tudo, inclusive mulheres.

O que torna o filme imperdível é a direção enérgica de Lee Tamahori, que não deixa o ritmo diminuir em momento algum. É claro que, para isso, ele é meio que obrigado a tomar medidas drásticas, tornando o filme, basicamente, um banho de sangue tenebroso. Parece apelação mas a própria personalidade de Uday, conforme retratada por Cooper, parece exigir tal tratamento e, o que vemos a seguir, é um desfile de horrores, desde tortura até gargantas cortadas, passando por estupro e assassinato de crianças. Mas o tom apelativo, para mim, ainda que pudesse ter sido mitigado, funciona bem nesse filme como uma ferramenta para mostrar os devaneios de tiranos. Pode ser visto como uma propagando americana contra quem não compartilha de seu ideal? Sim, com certeza. Mas tenho para mim que a cegueira pelo poder pode muito bem levar pessoas como Uday a cometer atos semelhantes aos que são retratados no filme, pelo que a narrativa violenta tem sua justificativa.

Dominic Cooper interpreta Uday muito bem. No entanto, como o rebento de Saddam é totalmente maluco e sádico, tenho para mim que qualquer ator mediano saberia fazer esse personagem de forma convincente. Assim, o que torna a atuação de Cooper realmente boa é seu papel como Latif. É a versão contida, humana de Uday. É uma espécie de oásis de valores e perseverança no meio do caos que é a vida mimada de Uday. Ver os dois personagens idênticos fisicamente lado-a-lado, com personalidades tão diferentes, é que é tão bacana na atuação de Dominic Cooper. Fico imaginando como deve ter sido a preparação para basicamente fazer dois filmes em um só por parte do ator. E as cerejas no bolo são os momentos em que Latif imita Uday. Cooper faz tão bem que nós, espectadores, conseguimos ver tanto Latif quanto Uday na mesma pessoa.

Eu diria, porém, que a sanguinolência acaba cansando um pouco e o terço final, com a fuga e retorno de Latif, acaba sendo longo demais, meio que quebrando o ritmo do filme. Não é algo que estrague a narrativa, longe disso, mas poderia ter sido evitado com uma edição mais dinâmica nessa parte ou, até mesmo, um corte na duração de 109 minutos.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8 de 10

Um comentário:

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."