domingo, 11 de julho de 2010

Club du Film - 5.45 - Da Hongdenglong Gaogao Gua (Lanternas Vermelhas)

Desculpem-me aqueles que sabem mandarim ou cantonês (não sei em que dialeto o título foi escrito) mas, como eu encontrei algumas maneiras distintas de escrever o título original, acabei tendo que escolher uma delas. Espero que tenha errado pouco.

Bom, de toda forma, Lanternas Vermelhas, filme chinês de 1991, dirigido por Yimou Zhang (diretor do ótimo O Clã das Adagas Voadoras), foi assistido pelo Club du Film (mais sobre o Club ao final desse post) em 04.05.10. Foi uma das poucas vezes em que todos nós estivemos presentes ao mesmo tempo em uma sessão.


O filme, em poucas palavras, é maravilhoso. Yimou Zhang nos conta a estória de Songlian (Li Gong) que, depois da morte de seu pai e ainda com tenros 19 anos, se casa com Chen Zuoqian (o ator pouco importa aqui pois ele mal aparece de frente), o líder de uma rica e poderosa família. Acontece que ela é a quarta e mais jovem concubina dele. As lanternas vermelhas do título são os indicadores de qual concubina o Mestre resolveu escolher para passar a noite pois elas são penduradas na porta da cada da escolhida.

Há, porém, uma verdadeira disputa para ver que dorme com o senhor feudal. Um severo e até mesmo engraçado ritual é estabelecido para se acender e apagar as lanternas e informar quem foi a escolhida para ter a honra de dormir com o Mestre. Parece até que estou falando de um filme passado no século XVI ou algo do gênero mas não, ele se passa em 1920, demonstrando uma faceta pouco conhecida da China e tornando o filme ainda mais inacreditável.

A rivalidade entre as quatro concubinas é interessantíssima. Há a concubina mais velha, que já gerou um filho para o Mestre (já adulto) e que sabe que não será mais chamada para dormir com ele. Ela é, basicamente, a comandante do exército de empregados e a mantenedora das tradições. A segunda concubina, já chegando em uma idade em que deixará de ser escolhida pelo Mestre, é doce e conciliadora. A terceira é uma ex-cantora de ópera. Essa é mais nova, ainda muito bela e disputa com unhas e dentes a preferência do Mestre. A rivalidade entre ela e Songlian é rapidamente estabelecida. Songlian, por sua vez, logo aprende o jogo que é jogado no complexo Chen mas à ela falta finesse. Como se tudo isso ainda não bastasse, Songlian tem uma serva que almeja ser uma concubina também e faz de tudo para sabotar a vida da patroa.

Mas Yimou Zhang não se limita a mostrar a rivalidade. Suas tomadas com câmeras paradas, sempre mostrando, nas várias estações do ano, o pátio do complexo Chen são extraordinárias em sua beleza e força.  Sua direção e fotografia de Li Gong é belíssima, extraindo da atriz uma excelente atuação. Vale dizer que a interação de Songlian com a arquitetura do local é um dos pontos altos da obra de Yimou Zhang. As cores e o contraste entre as lanternas vermelhas e o fundo em cores mais neutras é brilhante e o choque dessas cenas com a cena em que as lanternas vermelhas são cobertas (não vou estragar o prazer dessas experiência contando o que acontece) é intenso e palpável. O mesmo ocorre com a descoberta do segredo da serva de Songlian e com o "fantasma" que aparece ao final.

O filme surpreende e atordoa. Merece muito ser visto por quem gosta de cinema.


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 9 de 10
Klaatu: 8 de 10
Barada: 8 de 10
Nikto: 9 de 10
Gort: 9 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."