Um aviso logo de cara: quem estiver procurando um filme de ação inteligente, desafiador, com boas atuações e um roteiro afiado, deve ficar bem longe de G.I. Joe: The Rise of Cobra, que estreou mundialmente na última sexta-feira e deve parar de ler essa crítica agora. Quem, por outro lado, não se importa com um diversão descerebrada de vez em quando, siga lendo pois vale a pena.
Depois de assistir Transformers 2, comentado aqui, e G.I. Joe em tão curto espaço de tempo, tenho a distinta sensação que meu Q.I. diminuiu. Mas não faz mal. Ainda que não tenha gostado de Transformers 2 (só da moça que estrela o filme, claro), G.I. Joe, do mesmo estúdio - Paramount - meio que compensa.
Aliás, a comparação entre Transformers 2 e G.I. Joe é inevitável. São da Paramount e baseados em brinquedos famosos dos anos 80 da Hasbro. Comparado com Transformers 2, G.I. Joe é um Cidadão Kane do divertimento puro e simples. É claro que isso não quer dizer muita coisa já que o filme dos robozões é para lá de ruim mas, ao menos, é evidente que todo o xingamento que G.I. Joe recebeu dos críticos é palhaçada e despeito.
Stephen Sommers, o diretor, tem em seu currículo o mediano The Mummy, o ruim The Mummy Returns e o péssimo The Scorpion King. Seu último filme foi Van Helsing, uma das piores coisas que assisti na última década. Assim, levava muito pouca fé em G.I. Joe. Apenas minhas lembranças de criança me fizeram ter vontade de assistir o filme no cinema. Sommers com G.I. Joe, na verdade, quase consegue se redimir pelo seu passado tenebroso. É pouco mas esse é, certamente, o melhor filme dele. Disparado!
Eu adorava brincar de G.I. Joe (tanto os bonecos Falcon quanto os pequenos Comandos em Ação) e, como toda criança, meus personagens favoritos eram Snake Eyes (Ray Park, o Darth Maul de Star Wars: Episode I) e Storm Shadow (Byung-hun Lee), os dois ninjas rivais. G.I. Joe poderia ter sido um filme só sobre o embate entre os dois que eu dava nota 10. Não foi. Sommers preferiu dar um tratamento mais de "equipe", não dando muito mais relevância a uns sobre outros. É claro que, não sendo ele idiota, há muita presença dos dois ninjas, inclusive em flashbacks que servem somente para contar a origem dos dois mas que não têm a menor conexão com a estória. Outro foco do filme é a dinâmica entre Duke (Channing Tatum) e a Baronesa (Sienna Miller). Os dois têm um passado em comum mas, no presente, são inimigos mortais. Os flashbacks com os dois, ao contrário do caso dos ninjas, estão intimamente ligados com a trama.
Falando de trama, a estória é simples mas com alguma coerência (algo que falta no roteiro Transformers 2). Uma arma baseada em nanotecnologia e que corrói metal está sendo transportada pelas operações especiais da ONU do laboratório onde foi criada, de propriedade de McCullen (Christopher Eccleston) mas, no trajeto, o comboio é atacado por uma organização secreta liderada pela Baronesa. A arma só não para nas mãos inimigas pela interferência de Snake Eyes e dos outros Joes (Scarlett - Rachel Nichols; Heavy Duty - Adewale Akinnuoye-Agbaje e Braker - Said Taghmaoui, comandados pelo General Hawk - Dennis Quaid). Duke e Ripcord (Marlon Wayans), das forças da ONU, sobrevivem ao ataque e se alistam junto aos Joes. A partir daí, o filme é, basicamente, uma repetição desse tema em ambientes variados mas com um estória por trás um pouquinho mais sólida que, na verdade, é todo um prelúdio para uma eventual continuação.
Aliás, o filme é, efetivamente, o que o título diz: a origem de Cobra. Para quem não sabe, Cobra é o nome da organização inimiga dos G.I. Joes. Ela, porém, não aparece em lugar nenhum do filme e seu comandante, o também conhecido Cobra Commander, não dá as caras. Sommers gasta literalmente as duas horas de filme para, só aos minutos finais, introduzir, de fato, a organização Cobra e sua autoridade máxima (em um twist interessante mas previsível). Achei isso, ao mesmo tempo, um lance de respeito aos fãs e, também, uma grande ousadia. Aplausos a Sommers e à Paramount por bancarem isso.
No quesito efeitos especiais, o filme tem grandes desníveis. Os efeitos envolvendo batalhas subaquáticas são muito bons mas os efeitos das roupas cibernéticas dos Joes (só Duke e Ripcord as usam) são péssimos. Aliás, toda a perseguição em Paris, que dá grande destaque a essas roupas que parecem um misto de Robocop e Master Chief do jogo Halo, é bem fraca em termos de efeitos. Sommers poderia ter perdido mais tempo na pós produção para polir um pouco melhor esses pontos. De toda forma, apesar do exagero de efeitos e explosões, o filme segura suas pontas.
A grande verdade é que o filme tem quatro longas cenas: o ataque inicial, o ataque ao QG dos Joes (que, aliás, fica no Egito, o que me fez concluir que a Paramount queria economizar com as locações e usou o país para Transformers 2 também), a perseguição em Paris e a guerra subaquática. Todas as cenas são forradas de efeitos especiais e pontilhadas por flashbacks. O começo do filme, vale notar, é no século 17, numa daquelas cenas feitas para dar um ar "sério" ao passado de um dos personagens. Mas até que ficou bem interessante.
E as atuações, vocês vão me perguntar. Bom, nesse quesito eu diria que os bonequinhos originais da Hasbro têm bem mais expressividade do que os atores desse filme. Acho que Sommers não é um diretor de atores e todos ficaram com a mesma cara, até Dennis Quaid que normalmente se sai bem nesse tipo de papel. Talvez a melhor atuação tenha sido a de Sienna Miller (ou talvez meus olhos tenham sido gentis para a figura, hum, "esbelta" da Baronesa). De toda forma, de pontos altos mesmo no filme são as lutas entre Snake Eyes e Storm Shadow, que bem que podiam ganhar um filme separado.
Em suma, divertimento garantido para quem conseguir se despir dos preconceitos iniciais. Que venha a continuação e, principalmente, novas adaptações de brinquedos, com destaque para He-Man (vamos combinar que a adaptação de 1987 com Dolph Lundgren nunca existiu, ok?) e especialmente Thundercats.
Nota: 7 de 10
Baca! Imaginava que seria uma boa pipoca.
ResponderExcluirvai te @334e idiota o filme eh otimo e o cobra comander aparece sim ele eh o rex
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