domingo, 9 de agosto de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 20: The Firemen's Ball (O Baile dos Bombeiros)




Há pouco mais de três anos e meio, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: The Firemen's Ball (O Baile dos Bombeiros)

Diretor: Milos Forman

Ano de lançamento: 1967

Data em que assistimos: 21.07.2009

Crítica: Antes que algúem apressado venha dizer que se trata de um filme com temática gay por causa do título, notem que não tem nada, absolutamente nada disso. Trata-se de um ótimo filme do sensacional diretor Tcheco Milos Forman, que nos trouxe o irretocável One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um Estranho no Ninho), os excelentes Amadeus e Man on the Moon (O Mundo de Andy) e o muito bom The People vs. Larry Flynt (O Povo Contra Larry Flynt).

Esse filme, de 1967, foi filmado por Forman na antiga Tchecoslováquia, ainda sob o jugo Soviético. E o impressionante é que a obra é uma arrasadora crítica ao sistema comunista. Muita coragem dele fazer isso nessas condições, o que só torna o filme melhor ainda.

Toda a estória gira em torno dos preparativos do baile e o próprio baile dos bombeiros de uma cidadezinha Tcheca. A primeira cena nos mostra os organizadores, todos bombeiros idosos, pendurando e queimando (para fins decorativos) uma faixa acima do palco. A cena já dá o tom do que está por vir. Os bombeiros não páram de discutir entre si, preocupam-se com detalhes dos mais idiotas, "queimam" a faixa da forma mais imbecil possível e, no meio de uma quase briga, esquecem o coitado que está no topo da escada e a faixa acaba pegado fogo.

No momento seguinte, já estamos no baile propriamente dito, com os bombeiros idosos divididos em diversas tarefas: um é o guardião dos prêmios da rifa (basicamente comida, coisa escassa naqueles tempos no bloco comunista) que, a cada piscar de olhos, vê a quantidade de coisas sobre a mesa diminuir; um grupo maior preocupa-se em selecionar as candidatas para o concurso de beleza e um outro grupo preocupa-se com os preparativos ao homenageado (o mais idoso dos bombeiros e ex-presidente do grupo).

Não tem nada que dê certo. A incompetência e inabilidade correm soltas. A desonestidade dos convidados é escancarada. O lado libidino dos idosos fica à flor da pele com a escolha das meninas participantes do concurso de beleza, em uma longa e muito constrangedora cena. Milos Forman consegue, de forma muito hábil, demolir o sistema comunista em meros 71 minutos.

O ponto alto do filme é o incêndio na casa de um senhor. A sirene toca mas, em vista do barulho do baile, as pessoas só percebem muito tempo depois o problema e partem para o socorro de forma desorganizada, com o carro de bombeiro atolando na neve. Ao chegarem na casa, ela já está quase que totalmente tomada pelo fogo mas eles conseguem arrancar o senhor que lá vivia de dentro das chamas. Ele queria, aparentemente, morrer com seus pertences. A população fica assistindo ao fogo como se fosse um programa de televisão, um dos bombeiros se preocupa em cobrar as rifas dos que estão em volta e outro até mesmo tenta vender bebida para aquecer o pessoal. Colocam o velhinho dono da casa sentado em uma cadeira, primeiro de frente para a casa pegando fogo e, depois, de costas. Quando alguém grita que o velhinho vai morrer de frio, os bombeiros, absurdamente, levantam a cadeira do velhinho e o colocam mais perto do fogaréu. É impagável, ao mesmo tempo engraçadíssimo e tristíssimo.

Mas não fiquem achando que o filme de Forman está datado pois fala do sistema comunista imposto pela ex-União Soviética. Só os muito cegos verão dessa forma apenas. Na verdade, o filme de Forman é atemporal e poderia ser aplicado muito bem, por exemplo, aos mandos e desmandos e à burocracia absurda que temos aqui em nosso país. Se nossos políticos assistissem esse filme com a cabeça no lugar certo, eles se veriam ali, no lugar dos idosos bombeiros...

Notas:

Minha: 8 de 10
Klaatu: 8 de 10
Barada: 10 de 10

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