sexta-feira, 1 de maio de 2009

Crítica de filme: Body of Lies (Rede de Mentiras)

Ridley Scott é, sem dúvida, um grande diretor. Seu último filme, Body of Lies (Rede de Mentiras), de 2008, é mais uma prova disso. 

Quem viu Syriana, com George Clooney e gostou, vai se identificar com Body of Lies. Ainda que Syriana tenha um grau de complexidade muito maior, o substrato por trás é muito parecido com Body of Lies: a rede obscura da espionagem mundial, suas técnicas e seus efeitos nos países. Body of Lies é uma versão mais fácil de digerir, mais simples de Syriana. Uma espécie de mistura desse filme com a trilogia de Jason Bourne. 

O filme conta a estória do espião de campo Roger Ferris (Leonardo DiCaprio), estabelecido no Iraque e seu chefe, o espião de escrivaninha Ed Hoffman (Russel Crowe). Os dois estão em contato constante mas um nos Estados Unidos, vivendo uma vida normal, cuidando de filhos e beijando a esposa e outro a milhares de quilômetros de distância, no meio do furacão que é o Iraque pós-guerra. Os dois atores só chegam a efetivamente contracenar depois de 40 minutos de filme mas a química entre eles é impressionante. Crowe e DiCaprio são grandes atores.

Enquanto Hoffman toma decisões que, normalmente, estão longe de serem as melhores, Ferris sofre as consequências na pele, inclusive enfurecendo o chefe do serviço de inteligência da Jordânia, Hani Salaam (o também ótimo Mark Strong), ao ponto de ser expulso do país. Ferris, então, passa a armar uma corajosa estratégia para conseguir atrair um dos chefes do talibã para fora de sua toca. O plano é genial: criar um célula terrorista fictícia, movimentada por computadores e por fotos estrategicamente tiradas para forçar um contato pelo seu alvo. É claro que o plano significa arriscar a vida de cidadãos do mundo que nada tem a ver com terrorismo e que nem mesmo são informados que estão sendo usados. Discute-se a moral de se aplicar tais técnicas e Ferris sofre com isso, apesar de ser o criador do plano. São os fins justificando os meios.

O filme tenta ser também um filme de ação e as cenas com DiCaprio em campo são bem eficientes, ainda que, talvez, soem forçadas, apenas para suavizar o tom técnico do filme (voltando para Syriana, lá, Stephen Gaghan, o diretor, teve a coragem de manter o filme em curso, focando pesadamente na trama geopolítica e de espionagem).

Não é o melhor filme de Scott mas isso não quer dizer nem de longe que seja um filme fraco.

Nota: 7,5 de 10

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