quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Crítica de filme: Un Cuento Chino (Um Conto Chinês)

Um Conto Chinês parece uma fábula. Aliás, parece não, poderia facilmente ser confundida com uma e até começa com uma fábula moderna, mais conhecida como "lenda urbana", em que uma vaca cai do céu e mata a noiva de um chinês enquanto os dois estão em um pequeno barco. Talvez até muito mais do que isso, Um Conto Chinês seja um filme perfeito para nos fazer sentir bem. Pelo menos foi a sensação que tive ao sair do cinema.


Esse filme argentino do ano passado, dirigido por Sebastián Borensztein e estrelado por Ricardo Darín (do incrível O Segredo dos seus Olhos) é delicioso de se ver. Esqueçam a grandiosidade dos filmes atuais e mesmo as pretensões históricas de O Segredo dos seus Olhos. Um Conto Chinês é um filme pequeno, basicamente de dois atores, que nos transporta inteiramente para o limitado mundo de Roberto (Darín), um homem extremamente metódico, tímido e rabugento, que cuida de sua loja de ferragens, coleciona reportagens bizarras publicadas em jornais e não quer mais nada de diferente em sua vida. De repente, ele se vê tendo que cuidar de um chinês chamado Jun (Ignacio Huang) que não fala uma palavra de espanhol (e Roberto não fala uma palavra de cantonês ou mandarim) e que está perdido em Buenos Aires.

Onde se encaixa a estória da vaca do começo (e que está no poster)? Bom, só vendo mesmo para acreditar. Não vou estragar a surpresa para ninguém. Mas o importante mesmo é ver Roberto, vagarosamente, tornando-se um ser sociável, que se importa pelas pessoas e até com ele mesmo. As situações com Jun são, de um lado, cômicas e, de outro, tristes mas o filme nunca tenta arrancar do espectador mais do que um sincero sorriso ou um rosto franzido. Ficamos navegando entre o engraçado e o triste de maneira muito natural, ajudados pela direção minimalista de Borensztein e mais uma excelente atuação de Darín, dessa vez não exatamente como um galã, mas como um homem comum cheio de manias.

Reparem como Mari (Muriel Santa Ana) e Roberto, que já tiveram um caso antes mas que Roberto nunca mais procurou, se aproximam. Diria que é a versão leve do relacionamento platônico entre James e Miss Kenton em Vestígios do Dia mas com o mesmo efeito inebriante.

O filme é quase que um remédio para seus problemas. É ver para esquecer tudo e sair sorrindo. De "brinde", ganhamos excelentes atuações, uma ótima direção e uma pequena estória muito bem bolada para contarmos para quem não viu. Não dá para esperar muito mais do que isso de um filme, não é mesmo?

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Filmow.

Nota: 9,5 de 10

Um comentário:

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."