quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Crítica de filme: The Kids Are All Right (Minhas Mães e Meu Pai)

Minhas Mães e Meu Pai é um filme que no mínimo mereceria um título melhor em português. Mas tudo bem, é mesmo nossa sina traduzirmos da maneira que passa pela cabeça do tradutor. É também um filme que me deixa ainda mais estupefato pela divisão entre filmes dramáticos e filmes de musical ou comédia nos Golden Globes.

Ele ganhou o prêmio de Melhor Filme da categoria comédia ou musical e posso garantir que Minhas Mães e Meu Pai não é um musical. Sobre ser comédia, bem, ele contém algumas piadas e situações engraçadas mas daí a ser uma comédia, diria que há abismo enorme. O filme é um drama de família e pronto. Realmente não dá para entender essa divisão...


Mas chega de reclamar. Vamos falar das coisa boas: Minhas Mães e Meu Pai é sensacional. Merecidamente gerou furor em Sundance do ano passado e levou os Golden Globes de melhor filme e de melhor atriz (Annete Bening). Também está perfeito entre os 10 indicados ao Oscar de melhor filme.

O filme narra a estória de um casal gay formado por Nic (Annete Bening) e Jules (Julianne Moore) que tem um casal de filhos oriundos de inseminação artificial de um mesmo doador de sêmen, Joni (Mia Wasikowska, a Alice de Alice no País das Maravilhas) e Laser (Josh Hutcherson). Os quatro formam uma família harmônica até que Joni faz 18 anos e, a pedido de seu curioso irmão, liga para o tal doador de sêmen.

Entra no filme, então, Paul, vivido por Mark Ruffalo, tecnicamente o pai biológico do casal adolescente. A figura masculina, nesse ambiente familiar, acabar criando todo o tipo de problema: Nic fica com ciúmes quase patológico da relação dos filhos com Paul, Jules começa a fazer o jardim de Paul e a admirá-lo. Paul, por sua vez, de bon vivant solteirão e despreocupado, passa a ser uma espécie de pai presente e zeloso, preocupado em criar raízes.

O filme é isso. Mostra de maneira bem honesta a relação entre esses cinco personagens, com o grande mérito de não estereotipar nenhum deles, especialmente as mães lésbicas. A relação do casal não é tratada como uma curiosidade cinematográfica mas sim como algo perfeitamente dentro das regras da sociedade (o que realmente é, mas não na visão de muitos, infelizmente). Alguns mitos são derrubados, desde a influência do modo de vida dos pais sobre os filhos até o que excita duas mulheres gays. Muito bacana e relaxada a visão impressa pela diretora Lisa Cholodenko, ela mesmo lésbica, com base em seu roteiro com Stuart Blumberg, que concorre ao Oscar de melhor roteiro original.

Annete Bening está magistral como Nic, a voz de comando no casal gay e a que mais teme o rompimento do seio familiar. Sua paranóia - e seu amor pela família - transborda da tela. Julianne Moore faz um papel um pouco mais apagado mas, mesmo assim, de maneira eficiente. Os atores que fazem os filhos cumprem seus papéis de maneira suficientemente eficiente, ainda que eu particularmente desgoste do ar meio etéreo de Mia Wasikowska.

Mark Ruffalo, para mim, foi a grande surpresa. Eu já esperava a atuação de Bening e imaginei que ela fosse dominar o filme. Mas Ruffalo, como Paul, faz uma contraposição à altura de Bening como Nic. Ele demonstra total controle sobre seu personagem e talvez tenha feito o melhor papel de sua carreira até agora (não por coincidência, ele concorre à estatueta de melhor ator coadjuvante).

O filme diverte, emociona e inspira, além de terminar de maneira irretocável. Cheguei a ficar com receio de alguma invenção maluca no final, algo totalmente fora de contexto mas Cholodenko termina exatamente quando e da maneira como o filme deveria acabar.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 9 de 10

Um comentário:

  1. Concordo com tudo que vc escreveu. Também achei o filme excelente e com final irretocável. A "Nic" é excepcional, especialmente na cena do jantar em que ela revela a razão do nome da "Joni" e onde se emociona cantando uma música de Joni Mitchell. Excelente filme, vale a pena conferir.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."