quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Crítica de TV: Mad Men - 1ª Temporada

Mad Men, para quem não sabe, é uma série de TV da AMC que conta a estória de uma agência de publicidade em plena New York dos anos 60 pelos olhos principalmente de um brilhante mas misterioso publicitário e diretor de criação da agência, chamado Don Draper (Jon Hamm, excelente). A série, já com sua terceira temporada em andamento, foi laureada com diversos prêmios Emmy, o Oscar da TV. Em 2008, ganhou 6 Emmys, inclusive o de melhor série dramática e concorreu a mais 10. Em 20 de setembro próximo, terá a chance de ganhar mais 11 Emmys.

Toda essa atenção aguçou minha curiosidade e parti para comprar Mad Men. Definitivamente, a série é tudo isso que dizem sim e mais um pouco. Para começar, não há como deixar seu queixo cair pela inacreditável reconstituição de época. Não vivi os anos 60 mas já li e vi filmes sobre a época e parece-me que os produtores foram no alvo. O cuidado com a Nova Iorque e com o figurino dos personagens é suficiente para encher os olhos. O mesmo se dá com o tratamento de questões hoje polêmicas: o fumo, o feminismo, o comunismo, o consumismo e outras.

Sobre o fumo, cabe um parênteses. Para nós que, hoje, estamos acostumados a ver filmes assépticos, em que as pessoas nem reconhecem a existência de um objeto de consumo - e vício - chamado cigarro, assistir aos primeiros capítulos de Mad Men é uma experiência até, eu diria, estranhamente incômoda. Todos os personagens (ok, quase todos) fumam e fumam em qualquer lugar e em muita quantidade. Nada de sair de sua sala para ir ao fumódromo. Acende-se cigarros e mais cigarros em casa, no hall de elevadores, na sala de reunião e isso sem nem perguntar se a pessoa ao lado se incomoda. É tanto cigarro que a série parece feder a cigarro.

Mas o que chama atenção mesmo em Mad Men (uma brilhante brincadeira, aparentemente usada na época, com sua tradução literal - homens loucos - com Madison Avenue, onde ficavam as grandes agências de publicidade e com a expressão "ad men", publicitário) é a bem costurada estória que entrelaça a vida profissional e particular de seus personagens. Temos Don Draper, o brilhante publicitário com sua vida tipicamente americana. Trabalha na cidade grande mas mora na casinha de subúrbio com sua linda esposa (Betty Draper vivida pela bela mas comum January Jones) e dois filhos, ao mesmo tempo que tem uma amante com quem libera seus instintos, digamos, mais selvagens. Há seu chefe, Roger Sterling (vivido pelo excelente John Slattery) que odeia ficar com a esposa e arruma qualquer desculpa para farrear. Há, ainda, Pete Campbell (interpretado à irritante perfeição por Vincent Kartheiser), um riquinho que só conseguiu emprego por ser filho de quem é e que quer por que quer subir na vida, mesmo que para isso tenha que atropelar seus superiores com todas as jogadas sujas que puder esconder em suas mangas.

Mas o filme não é um "clube do bolinha" ainda que o ponto de vista seja majoritariamente masculino. Há a interessante personagem da esposa de Don Draper que vive com o dilema entre de um lado ser a modelo perfeita de esposa e, de outro, literalmente, ser modelo. Há, também, Joan Holloway (a também bela - e essa nada comum - Christina Hendricks), a fogosa chefe das secretárias que sabe tudo sobre todos no escritório. Por último e principalmente no elenco feminino, temos Peggy Olson (Elisabeth Moss, excelente) no papel da nova secretária de Don Draper que, completamente sem querer, vai rapidamente subindo na vida, para o espanto e inveja de todos ao redor, especialmente Joan Holloway.

Toda essa riqueza de detalhes vem emoldurando um passado negro para Don Draper e as excelentes campanhas publicitárias (e reuniões com clientes) que sua equipe vai criando ao longo dos episódios. Logo na abertura vemos Don e seu grupo matutando para criar a campanha nova do Lucky Strike (o cigarro, lembram?). Mais para frente, em ótimo e comovente episódio, vemos Don criar, quase que de instinto, a campanha do aparelho de slides da Kodak (slides, para quem é da era da informática, são aqueles positivos de fotos dentro de um quadrado branco de papel ou de plástico que eram usados em projetores para se mostrar fotos em uma tela ou na parede e não aquilo que o PowerPoint nos permite criar).

Enfim, é mais uma série brilhante da televisão americana que, na última década, assim como os publicitários de Mad Men, tem tido idéias sensacionais atrás de idéias sensacionais. Se há um defeito nessa 1ª temporada é um acontecimento bem inesperado no último capítulo que meio que me "derrubou da cadeira". Não vou contar para não estragar mas fiquei assim meio zonzo, e ainda estou para dizer a verdade... Mas nada que não seja facilmente apagado quando lembro do que veio antes.

Nota: 9 de 10

10 comentários:

  1. excelente post, entender a série leva tempo, mas existe esse elemento realmente chamativo que criado na atmosfera de tensão nos leva a uma decada de 60 com suas sujeiras e problemas que de certo não mudarama após tantos anos.
    mad men, ou 'ad man' (como só vim perceber ao ver o episodio 4), terá ainda algumas temporadas a frente.

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  2. Não tem o que falar desta série! Ela é irretocável! Simplesmente viciaaaada! Não consegui acompanhar na TV e agora estou tendo a oportunidade de assistir praticamente todas as temporadas juntas! Não sei como pude perder até agora! Na minha opinião uma das melhores coisas que já surgiram na tv americana... por isto tantos prêmios recebidos! Enfim, louca para assistir a 5ª temporada... pena que ainda vai demorar!
    Adorei o seu post, muito bem escrito!

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  3. muito bom post.Só vi o primeiro episodio ate hoj,e nucna segui.Mas ultimamente,recebo tantos conselhos de amigos para ver a serie,que acho que a verei e provavelmente virarei fã.

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  4. Me pareceu uma sátira do estilo de vida da sociedade..todos neuróticos!

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  5. Boa análise, em geral, eu acho que esta série é um dos melhores nos últimos tempos, o que eu gosto é a época em que ele se baseia. Vale a pena assistir.

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  6. As ações que tiveram esta série foram excelentes, especialmente Jon Hamm o homem age bem. Creio, portanto, que a série vai continuar no gosto do público por um tempo. Pena que tem que chegar a um fim.

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  7. Mad Men é uma série que apresenta grande publicidade e ambiente cimercial vivemos em uma empresa. Eu gosto a Mad Men , porque ele sempre tem uma nova oferta ue história que dá cntinuidad sua trama principal.

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  8. Tenho uma coincidência muito boa com essa série, há um tempo atrás tive a oportunidade de ver exemplares da revista Seleções dos anos 60. E assistindo Mad Man me lembro de campanhas de cigarro que tentavam esconder o mal que ele fazia. Essa série e sensacional. Trilha sonora linda!

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  9. Tenho uma coincidência interessante com essa série, há um tempo atrás tive a oportunidade de ver exemplares da revista seleções da década de 60. Mad Man me faz lembrar artigos que abafavam o mau do cigarro. Essa série e sensacional. Trilha sonora linda.

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  10. Tenho uma coincidência interessante com essa série, há um tempo atrás tive a oportunidade de ver exemplares da revista seleções da década de 60. Mad Man me faz lembrar artigos que abafavam o mau do cigarro. Essa série e sensacional. Trilha sonora linda.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."