O personagem Jack Sparrow, brilhantemente criado por Johnny Depp, cansou e deveria ser aposentado. No entanto, considerando-se a bilheteria até hoje arrecadada pela quarta aventura do estranho pirata (quase 800 milhões de dólares mundialmente em menos de um mês), isso não acontecerá tão cedo. O público manda mesmo quando o público está agindo no “automático”, indo ao cinema só porque lá atrás, quando do lançamento do primeiro Piratas do Caribe, gostou do que viu.
O primeiro Piratas, de fato, foi uma divertida aventura, algo bem acima da média considerando-se que foi um filme baseado em um clássico brinquedo dos parques da Disney. A segunda e terceira aventuras, no entanto, perderam em qualidade, especialmente a terceira que apostou fortemente no sobrenatural, nos efeitos especiais e em uma quantidade exagerada de personagens. Talvez seja a maldição da segunda seqüência, não sei, mas o certo é que a franquia Piratas do Caribe perdeu vertiginosamente a qualidade.
O novo filme, que coloca Jack Sparrow competindo com a armada espanhola, Barbossa (Geoffrey Rush), Barba Negra (Ian McShane) e Angelica (Penélope Cruz) pela Fonte da Juventude, é interminável, arrastado, chato, incompreensível, bobo e mal acabado. Nunca vi um filme que pareceu tão longo no cinema. Apesar de seus já longos 136 minutos, pareceu que eu estava no cinema há 5 horas.
Tudo começa em Londres, com Jack armando uma fuga pela cidade. Esse momento, que poderia ter sido uma boa abertura para o filme, foi tratado de forma tão burocrática pelo diretor Rob Marshall (substituindo Gore Verbinsky que dirigiu os outros três filmes) que não empolga em momento algum. A única coisa que consegue é dar o tom – monótono, infelizmente – do que viria pela frente.
Dali, depois de mais algumas confusões e sem nenhum explicação minimamente convincente, Jack parte para a tal busca da Fonte da Juventude à bordo do navio de Barba Negra, sendo perseguido por Barbossa e pela armada espanhola. O roteiro, porém, não consegue ultrapassar o básico: os personagens têm que achar pistas e artefatos para avançar para a próxima “fase”. E faz isso de maneira preguiçosa e cansativa, com diálogos pouco inspirados a tal ponto que transforma Jack Sparrow em um personagem enfadonho. Johnny Depp é um grande ator, mas ele não faz milagres com roteiros rasteiros.
Nem mesmo a adição dos ótimos Ian McShane e Penélope Cruz ao elenco ajuda. Ian McShane diverte quando aparece na tela, mas isso acontece poucas vezes e Penélope Cruz foi completamente desperdiçada na trama, como se sua contratação tivesse sido uma idéia de último segundo.
Substituindo o casal romântico dos outros filmes – que era o grande ponto fraco das outras tramas, aliás – os roteiristas sentiram a necessidade de criar outro, dessa vez um missionário e uma sereia. Nada mais inútil para a trama.
Esse foi meu último filme da série. Não caio mais nessa armadilha. Espero que os fãs se divirtam com os próximos episódios, já que a quantidade de pontas soltas no final do quarto filme certamente significa que uma nova trilogia está nos planos.
Também acho que já deu o que tinha que dar!Um filme ótimo que estava bom demais sendo um só, como “A origem"
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