sexta-feira, 30 de julho de 2010

Crítica de filme: Death Proof (À Prova de Morte)


Tudo bem que Death Proof não foi um dos filmes mais bem-sucedidos de Quentin Tarantino. Mas daí a demorarem 3 anos para lançarem o filme nos cinemas no Brasil é palhaçada.

É o que dá termos em total de salas de cinema o que os Estados Unidos têm para o lançamento de um filme e olha que não precisa ser nem um filme de muita expressão. De toda forma, como Death Proof, de 2007, estreou por aqui no dia 16 de julho, resolvi comentá-lo.


Vi Death Proof ainda em seu lançamento original, no cinema, em Chicago, juntamente com Planet Terror, de Robert Rodriguez. Os dois loucos diretores resolveram fazer filmes homenageando as sessões apelidadas de Grindhouse nos EUA, lá pela década de 70: dois filmes B juntos, passando um depois do outro. Enquanto Rodriguez, em seu melhor estilo, mandou uma trasheira total, com um filme de zumbi em que uma mulher (Rose McGowan) perde a perna e a substitui por uma metralhadora, Tarantino foi, digamos, mais comedido e mandou ver em um road movie com um psicopata chamado Stuntman Mike (o excelente canastrão Kurt "Snake Plissken" Russell).

Foi uma experiência muito interessante, especialmente por que também fui brindado com trailers falsos, de filmes imaginários, dirigidos por vários diretores diferentes. Tamanha foi a loucura que Machete e Hobo With a Shotgun, título de dois desses filmes imaginários, acabaram efetivamente feitos, sendo que Machete, com Danny Trejo (do recente Predadores), será lançado agora nesse semestre. Mas devo dizer que foi uma experiência também cansativa. Única mas cansativa.

Death Proof é uma verborragia total. É diálogo esperto estilo Tarantino atrás de diálogo esperto estilo Tarantino.  No entanto, o diretor, que aliás eu adoro (mas não cegamente), exagerou nesse quesito: é pouca ação para muito papinho. Somos apresentados a dois grupos distintos de mulheres, todas perseguidas pelo misterioso Stuntman Mike, um psicopata maluco que gosta de juntar, em alta velocidade, mulheres e carros.

O estilo trash está em todo canto, ainda que de maneira menos pronunciada que em Planet Terror. Vemos o grão no filme, há cortes e pulos o tempo todo como se a película fosse desgastada e tudo mais. Dá para ver que Tarantino se divertiu.

Há cenas antológicas. Em uma delas, em determinado momento, Stuntman Mike ganha o direito de receber um lapdance da estonteante Arlene (Vanessa Ferlito). Há toda uma lenta preparação para a cena e, quando ela vai começar, o rolo acaba e é trocado por outro que é imediatamente posterior ao final da dança. É frustrante, sim, mas muito bem sacado. No entanto, isso só ocorreu na versão cinematográfica pois, em DVD, o filme foi lançado completo, com a dança. Ainda que não seja nada mal ver o que acontece, nada iguala a engraçada experiência da frustração que tive no cinema.

Em outra cena, bem longa, há uma excelente corrida de automóveis que o espectador percebe que foi filmada de verdade, sem truques de computação gráfica. É como ver Bullit em versão trash. Se Tarantino tivesse encurtado o filme e tratado de diminuir os diálogos, trocando-os por cenas nesse estilo, o filme teria sido um grande sucesso ainda no cinema, sendo lançado no Brasil pelo menos no ano correto.

Mas não foi isso que aconteceu. Tive a sorte de ver o filme da maneira como originalmente imaginado e, mais recentemente, na versão em DVD. Já li que, em breve, a versão Grindhouse será lançada em Blu-Ray. Será a chance de ver pela terceira vez.

Sugiro a todos que tentem ver ainda no cinema. É um bom, mas não sensacional Tarantino, o que, nos dias de hoje, já é muita coisa.

Nota: 7,5 de 10

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