quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Club du Film - 4.26 - In Cold Blood (A Sangue Frio)

O 26º filme do ano IV do Club du Film foi A Sangue Frio, assistido em 22.09.09. Trata-se de um clássico em preto e branco de 1967, dirigido e roteirizado por Richard Brooks (Cat on a Hot Tin Roof), com base na obra literária de mesmo nome de Truman Capote. 

Quem assistiu ao mais recente Capote com o sensacional Philip Seymour Hoffman no papel título e gostou, simplesmente precisa assistir A Sangue Frio pois Capote conta a estória de como Truman Capote mergulhou na vida de dois assassinos para escrever seu possante livro. Quem não gostou de Capote ou não o assistiu, faça um favor e vá para a locadora agora e alugue A Sangue Frio. É indispensável.

Dois bandidos - Perry Smith (o ótimo Robert Blake de Baretta) e Dick Hickock (The Right Stuff entre vários outros) - assaltam uma casa e tudo dá errado, acabando com o brutal assassinato da família que lá reside. O filme se concentra no antes e no depois, ou seja, na construção dos personagens até a execução do roubo e, depois, com os dois presos e na fila para serem executados. Não é nenhuma surpresa que eles são presos mas certamente, para quem não viu, será surpresa o pouco destaque que se dá ao roubo em si. O diretor preferiu, para um ótimo efeito dramático, cortar o filme exatamente quando o roubo vai começar e nos mostra o que acontece depois, com os dois fugindo, sendo presos, sentenciados e, finalmente, esperando a morte.

A fotografia em preto e branco é belíssima e Robert Blake particularmente dá um show em sua atuação contida mas profundamente perturbardora. Sua carreira pelos anos seguintes foi tão complicada que não duvidaria que seus problemas tenham sido causados pelo trauma desse papel. Mas, para nós espectadores, é sensacional ver o desenvolvimento desse homem, basicamente um caipirão, com poucas aspirações na vida, sendo usado, reagindo e afundando.

Não há dúvidas que é um filme contra a pena de morte, mas não que os assassinos não mereçam ser presos mas sim pela constatação por Truman Capote que essa pena não traz nenhum benefício para a população. O filme não nos pede para torcer pelos bandidos e não passa uma mensagem que glorifica o crime. Ao contrário: os bandidos são mostrados como seres amorais, até mesmo idiotas, sem redenção. Mas esse realismo todo é torturante e mesmo assim, ao final, por mais que se defenda a pena de morte e que se espere algo assim vindo de tão brutais assassinatos, é difícil não sentir alguma pena dos personagens.

O filme tem um grande defeito: Brooks decidiu usar uma narração ao final que é completamente desnecessária e explica o óbvio, meio que estragando a dramaticidade da obra. Mas não é nada que condene o filme que, ao contrário, é altamente recomendado.


Sobre o Club du Film:

Há pouco mais de três anos e meio, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais de 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo.


Notas:

Minha: 9 de 10
Barada: 8,5 de 10
Nikto: 7,5 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."