domingo, 25 de março de 2012

Crítica de TV: Mad Men - 4ª Temporada

Depois de longuíssimos 15 meses de hiato gerado por discussões monetárias que poderiam afetar sua continuidade, Mad Men volta às telinhas hoje, em sua quinta temporada. Findas as discussões, a produção da nova temporada foi tardiamente autorizada, o que criou esse intervalo incomum. O lado bom disso tudo é que a AMC já  autorizou, também, mais duas temporadas. Assim, nada mais propício do que fazer meus comentários sobre a quarta temporada, que só vi há pouco tempo, para diminuir a ansiedade da espera. É inevitável falar de acontecimentos das primeira, segunda e terceira temporadas, pelo que espere alguns spoilers, mas nunca da própria quarta temporada.

A quarta temporada começa exatamente no ponto em que a anterior parou (ok, algum tempo depois mas quase no mesmo ponto). A nova agência de publicidade Sterling Cooper Draper Price já saiu do hotel para onde foi no episódio final da terceira temporada e ganhou aparência de escritório, ainda que modesto. Bert Cooper (Robert Morse), Roger Sterling (John Slattery), Don Draper (Jon Hamm), Pete Campbell (Vincent Kartheiser), e Lane Pryce (Jared Harris) tentam desesperadamente trazer novos clientes para sua agência, de forma a evitar uma dependência excessiva de faturamento de alguns poucos clientes, especialmente da conta Lucky Strike. No entanto, Cooper e Sterling pouco fazem, o primeiro apenas aparecendo em alguns momentos para fazer comentários e o segundo apenas tentando manter a conta Lucky Strike, que veio por causa de su a amizade com um dos donos.

Assim, cabe a Draper e Campbell o trabalho pesado de convencer empresas a virem trabalhar com a SCDP e a Pryce o gerenciamento financeiro da agência. Em paralelo, vemos Joan Harris (Christina Hendricks) como secretária executiva de toda a agência tendo que contrabalançar sua profissão com as investidas constantes de Sterling e seu casamento com o Dr. Greg Harris (Sam Page), agora alistado no exército. E, claro, vemos Peggy Olson (Elisabeth Moss), tentando ainda mostrar a que veio, já que sofre nas mãos de Draper ao mesmo tempo em que é alvo de preconceitos na agência.

Fora do círculo da agência, vemos Betty Francis, ex-Betty Draper (January Jones), agora casada com Henry Francis (Christopher Stanley), tentando educar seus três filhos e quase que vivendo todos os dias com alguma espécie de "consciência pesada" por ter largado Don. Mas é Don quem talvez mais sofra com tudo isso pois ele sabe que foi o verdadeiro responsável pelo que aconteceu, não só por suas incessantes casos extraconjugais como, também, pelo seu passado misterioso que ele escondeu até quando pode de Betty.

Essa relação - ou falta de relação - é que move a quarta temporada que poderia ter facilmente o subtítulo "A Queda de Don Draper". Vemos o genial e bem vestido bonitão atingir o fundo do poço, entregando-se à bebida e às mulheres. Isso, claro, afeta sua performance na agência e todos começam a sentir o impacto de um mundo sem Don Draper. Draper, aparentemente, sente um vazio enorme depois do divórcio de Betty e não consegue se reconciliar com isso, apesar de sempre ter traído a esposa. Ele precisa de um família por trás dele, talvez como um lembrete do que ele não teve quando jovem. Seu desespero é palpável e Jon Hamm dá um show de atuação.

Ao mesmo tempo que vemos Draper cair vertiginosamente, vemos a ascensão de Pete Campbell. De um filhinho-de-papai mimado na primeira temporada  até um chefe de família e sócio de agência responsável, talvez ele tenha sido o personagem com maior desenvolvimento na série. A quarta temporada mostra um Campbell engajado no sucesso da empresa, dividido com ofertas de agência rival e, também, alguém em quem se pode confiar (lembrem-se que ele sabe do segredo de Draper).

Peggy Olson também continua sua trajetória de crescimento e ela finalmente abraça, de corpo e alma, a tarefa de chefe de equipe e usa sua habilidade também em prol da agência. No entanto, diante de Draper e Campbell - para mim os focos dessa temporada - Olson tem pouco espaço, destacando-se, apenas, em episódios-chave.

Também fiquei particularmente feliz com o que a produção fez com Lane Pryce. Jared Harris tem uma atuação brilhante com um britânico perdido na ilha americana. Apesar da idade, ele ainda tem que lidar com o pai dominador e com os loucos de seus sócios na agência, o que o força a fazer malabarismos contábeis.

Essa temporada, porém, não tem um arco particularmente empolgante e eu diria que é a mais fraca das quatro. Mas isso ainda é um enorme elogio, se considerarmos a excelência do material que veio antes. No final da temporada, um pouco na linha do que vimos no final da primeira, com a gravidez maluca de Peggy Olson, também temos um acontecimento meio que inesperado, dessa vez envolvendo - e catalisado - por Don Draper.

A qualidade da produção da série, porém, continua impecável. A reconstrução da década de 60 é algo realmente incrível, de se tirar o chapéu e o elenco, como um todo, é brilhante.

Que venha a quinta temporada!

Mais sobre a série: IMDB, TV.com e Filmow.

Nota: 8,5 de 10

2 comentários:

  1. Caro Ritter,

    Eu escrevi no seu Blog um comentário no seu post sobre o Oscar conforme link abaixo:

    http://www.blogger.com/comment.g?blogID=8528263826564399902&postID=8186559781205601915

    Mas também tenho um Blog e escrevi sobre a série Mad Men. Não é um blog de Cinema ou Cultura, mas de temas variados, que segue lentamente, pois estou envolvido num projeto de um livro. Talvez possa lhe interessar.

    Pode conferir nos links abaixo:

    Parte 1:

    http://algosolido.wordpress.com/2012/04/15/mad-men/

    Parte 2:

    http://algosolido.wordpress.com/2012/04/15/uma-boa-descricao-do-mal-parte-2/

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  2. Foi uma boa temporada e eu acho que no geral, tem sido uma série Mad Men com bom conteúdo e também muito atraente.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."