quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Crítica de filme: Real Steel (Gigantes de Aço)

Não pode ser sério nem minimamente razoável um filme que tem a premissa de lutas de boxe com robôs gigantes.

Com isso na cabeça, fui carregado por um amigo a um cinema em Nova Iorque, onde estava por razões profissionais. O filme começa e, sem perder tempo, somos apresentados a Charlie Kenton (Hugh Jackman), um "treinador" de robôs quebrado e devedor que ganha uns trocados colocando seu velho robô para lutar nos lugares mais improváveis. O último deles é um rodeio em que o robô tem que lutar contra um touro de verdade. Desnecessário dizer que a arrogância do detestável Charlie leva à destruição de seu ganha-pão robótico pelo violento e poderoso animal. Basicamente "bem feito" para nosso herói.


Depois, aprendemos que Charlie tem um filho, Max (Dakota Goyo), que não vê desde que nasceu e que sua ex-mulher acabou de falecer. Entra uma breve discussão judicial em que Charlie, literalmente, vende seu filho à ex-cunhada (que quer a custódia). Obviamente, por uma razão ou outra conveniente à trama, o garoto, de 11 anos, acaba ficando com Charlie por alguns dias e, durante esse tempo, os dois começam a se conhecer melhor. Mais clichê impossível.

Depois de outra estupidez robótica de Charlie, Max acha um velho robô de sparring em um ferro velho e começa a treiná-lo (esqueci de dizer que, como manda a regra dos clichês, o menino é um gênio em informática). Atom é o nome do simpático robô que vagarosa e improvavelmente, vai crescendo no submundo do boxe.

Em resumo, o filme é, basicamente, Rocky, Um Lutador com robôs (não que Stallone não atue como um robô, he, he). Do começo ao fim, é impossível afastar essa impressão mas é exatamente aí que o diretor Shawn Levy (dos péssimos Uma Noite no Museu 1 e 2) acaba se sobressaindo. Ao usar todos os clichês do sub-gênero dos filmes de boxe, claramente "chupando" a estrutura de Rocky, Levy criou um filme energético que, ainda que não seja original, por incrível que pareça nos faz torcer a favor ou contra os robôs lutadores da mesma maneira que torcemos a favor ou contra lutadores reais.

E o design dos robôs, óbvio, também ajudou. Enquanto Atom tem a típica aparência de um underdog, efetivamente uma contrapartida mecânica de Rocky Balboa, seus oponentes são grandalhões, brilhosos, fortes e com a aparência de arrogantes. É algo bem óbvio de se fazer mas que a equipe de Levy e ele próprio fazem funcionar primorosamente. Não dá para não vibrar com a primeira luta de Atom e, principalmente, com a última, contra o gigantesco e ultra-poderoso Zeus.

E o roteiro também consegue literalmente humanizar Atom na luta final mas não vou comentar como para não estragar a "surpresa", ainda que ela seja telegrafada muito claramente a partir da metade do filme.

E a interação entre Jackman e Goyo é muito eficiente e simpática mas sem fugir das convenções do gênero. Até mesmo a presença da simpática Evangeline Lilly (a Kate de Lost) como Bailey, um antigo caso de Charlie, funciona bem pois ela faz a ponte entre o insuportável Charlie do começo (meio que justificando seu jeito e sua, digamos, transformação) e o automaticamente irresistível Max.

Em suma, Gigantes de Aço é um filme que, por ter coração de verdade, diverte e empolga, conseguindo deixar boquiaberto até mesmo eu, que já esperava o lixo dos lixos. Mais um daqueles filmes que servem para mostrar que não adianta ter preconceitos bobos com base em premissas que parecem idiotas. É assistir para julgar.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8 de 10

2 comentários:

  1. "Em suma, Gigantes de Aço é um filme que, por ter coração de verdade, diverte e empolga"

    Concordo totalmente com este resumo. Também gostei muito do filme e a certa altura reparei que estava sentado "na ponta da cadeira" a torcer por um robot... não é todos os dias :).

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  2. ò. o filme é legalzin, mas, achei aquele garoto mto irritante.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."