sexta-feira, 29 de abril de 2011

Crítica de filme: Rio

Finalmente assisti Rio. E o filme me fez chegar a uma conclusão científica: aparentemente, todos os filmes cujos personagens principais são azuis têm tramas simples e visuais incríveis. Foi assim com Avatar e é assim com Rio. A questão agora é saber se minha conclusão será mantida, após a estréia do filme dos Smurfs... Acho difícil mas, em todo caso...


Mas chega de brincadeiras. Não esperava absolutamente nada de brilhante em Rio. Aliás, não esperava algo nem bom pois todos os trailers e material de divulgação diziam para mim que o novo desenho de computação gráfica dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha seria morno e sem graça. Diga-se de passagem que o próprio passado de Saldanha como diretor apontava nessa direção pois o único verdadeiramente bom que fez foi o primeiro Era do Gelo (leiam meus comentários sobre o terceiro capítulo da saga).

Devo confessar, assim, que quebrei a cara e fiquei muito feliz por isso.

Rio conta a estória da arara azul Blu (voz de Jesse Eisenberg, o protagonista do brilhante A Rede Social) que vive na gélida Minnesota, nos Estados Unidos, sob os mimos e paparicos de sua dona Linda (Leslie Mann), dona de uma livraria, depois que é roubado de sua mata natal no Rio de Janeiro. Blu é muito mal acostumado e nem voar voa, tendo perdido todos os seus instintos selvagens. Em determinado dia gélido, um ornitólogo brasileiro chamado Tulio (Rodrigo Santoro) chega para levar Blu para o Rio pois ele é o último macho de sua espécie e uma fêmea (Jewel, com voz de Anne Hathaway) foi achada há pouco tempo. Começa, então, uma aventura pela Cidade Maravilhosa.

A trama do filme é um fiapo e cada detalhe dela é telegrafado didaticamente logo no começo. Daí minha comparação com Avatar que, da mesma maneira, tem trama batida e simples. Mas, também como o filme dos Na'vi, Rio tem visual deslumbrante, de encher os olhos com cores vibrantes. Acho que o trabalho de Cameron foi ainda mais sensacional em Avatar mas a comparação é válida.

Evidentemente, a cidade ajuda em muito pois é realmente uma das mais belas do mundo (especialmente se vista do alto pois sou carioca e sei dos sérios problemas que temos em terra) mas o que eleva o nível do filme é mesmo Carlos Saldanha e seu apuro visual. Essa característica do diretor, aliás, sempre esteve presente em seus filmes mas, diferentemente de Rio, suas obras anteriores sofriam de um problema crônico com péssimos roteiros que o visual não conseguia compensar. Em Rio, o roteiro não é péssimo, apenas simples e o visual - juntamente com a musicalidade - compensam em muito o ponto fraco da película.

Em vários momentos, as piadas funcionam e fazem rir de verdade, apesar de o desenho ter sido claramente feito para agradar as crianças. O humor do filme é mais na linha do besteirol e da piada física que se encaixa muito bem com filmes de bichinhos fofinhos mas que, na maioria das vezes, dá errado. Em Rio, o roteiro consegue sustentar as piadas, apesar de muitas delas - não todas - terem sido apresentadas ainda nos trailers.

Além disso, Carlos Saldanha fez uma ode ao Rio de Janeiro, mostrando apenas o que há de bom. Até mesmo o que há de ruim ele conseguiu dar uma "pegada" mais leve, sob um prisma positivo. É uma espécie de panfletagem do Rio de Janeiro e, em última análise, do Brasil, que acho que precisamos. Sim, sem dúvida Saldanha usa os estereótipos ao máximo - todo mundo na cidade gosta de samba, as mulheres têm traseiros avantajados e o futebol é prioridade - mas isso é algo perfeitamente aceitável e, aliás, prática comum em filmes dessa natureza.

O trabalho de voz de Eisenberg dublando Blu é muito bacana mas o de Anne Hathaway é extremamente genérico, sem nada de especial. Santoro também está muito bem como Tulio, talvez seu papel de maior destaque em um filme estrangeiro.

Ah, fiz questão de ver sem 3D pois não aguento mais essa moda.

Mais sobre o filme em: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8 de 10

6 comentários:

  1. Achei o filme muito "Sessão da tarde", e não gostei da maneira que o Rio de Janeiro foi retratado (Isso que foi feito por Carlos Saldanha, brasileiro).

    Felizmente paguei apenas 4,00 para assistir, se fosse mais ia ter ficado bem desapontado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo.
      Se eu fosse avaliar, de uma maneira superficial, diria que é um filme mediano, tipo algo que assistiria pra rir um pouco se não tivesse nada pra fazer, mas de uma maneira mais profunda, seria simplesmente repugnante. Basicamente, o que vi foi "brasileiros são fanáticos por carnaval e futebol"; Rio é a única cidade existente e só tem uma praia com uns hotéis caros e uma favela; no carnaval, qualquer mulher veste aquela fantasia extravagante e desfila por aí.

      Excluir
  2. O filme se foi direcionado para “crianças” está induzindo uma má formaçao da identidade dos brasileirinhos.
    Ele aponta a maioria dos brasileiros que aparecem no filme como maus elementos, inclusive entre os personagens animais, ladrõesinhos no pão de açucar, ajudantes dos traficantes e corruptíveis. Aparecem apenas 2 personagens adultos que são de boa índole e uma minoria de animais com boas intenções. A personagem, que mais se esforça para salvar Blue e a parceira de serem traficados e conseguirem perpetuar a espécie, é americana. Isso é pra acabar com o pouco que resta de dignidade dos brasileiros. Se mais produçoes assim continuarem a ser exibidas para os brasileiros apenas vamos continuar com nosso complexo de vira-latas e vamos continuar a dizer amém aos estrangeiros quando aqui aportarem e, quando formos para o exterior, continuaremos a ser ignorados ou enxotados, como acontece em casos que ficamos sabendo através do noticiário.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Janete, obrigado por seu comentário.

      No entanto, tenho que respeitosamente discordar. O próprio Brasil passa essa imagem para o exterior. É só ler as próprias peças publicitárias do governo. Além do mais, estereotipar personagens e países é a coisa que mais se faz no cinema. Vejam os americanos. São dezenas e dezenas de produções americanas por ano que esculhambam o próprio americano: vai do caipira violento até o presidente de empresa corrupto. Não há mal algum nisso. O ruim é quem REALMENTE acha que o que está nas telas é verdade.

      Excluir
    2. Os americanos se retratam com alguma dignidade, mas com outros países simplesmente denigrem a imagem; chineses, kung fu, comida suspeita, mal desenvolvimento tecnológico; brasileiros, idiotas que acham que qualquer merda é motivo pra festa, obsecado com futebol e samba, mulheres que não passam de um corpo e homens retardados, todos são morenos cujo o emprego predominante é de camelô e moram em uma favela, os hotéis caros são habitados por estrangeiros; japoneses, infantis viciados em mangás com inclinação pra pedofilia, possíveis suicidas violentos e frios; mexicanos, só ouvem musicas do filme do zorro, as espanholas são todas gostosas, niguem tem um QI superior a 100, as cidades são todas empoeiradas e sem asfalto, até na capital, pois o desenvolvimento urbano ainda não chegou nem perto.
      Esses são os mais comuns

      Excluir
  3. Filme legalzinho, mas nada mais que isso, minha nota é 7

    ResponderExcluir

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."