domingo, 30 de março de 2008

Crítica de show: Ennio Morricone em São Paulo

Estava calmamente assistindo televisão sábado passado quando o jornal nacional (eu acho) começou a mostrar um reportagem sobre o Ennio Morricone, que estava no Brasil visitando algumas crianças carentes. O nome dele me chamou a atenção e comecei a prestar atenção para saber o que ele estava fazendo no Brasil. Ano passado ele veio tocar no Municipal mas eu estava viajando no dia e não pude ver esse gênio da música de cinema, com mais de 400 (!!!) trilhas sonoras compostas. O final da reportagem foi singelo: "O maestro tocará semana que vem no Brasil".

Corri para o computador para procurar mais detalhes. E, voilà, ele tocaria não "na semana que vem [semana passada]" mas na segunda feira, em menos de 48 horas. Achei os ingressos online mas não consegui comprar via o site www.ingressorapido.com.br. Muito devagar, com muita coisa para preencher e meu cartão era recusado toda hora...

Liguei para lá no dia seguinte e, depois de ficar pendurado uns 15 minutos ao telefone, consegui comprar dois ingressos para o show em SP (o único no Brasil) às 21:00h da segunda-feira, dia 24.
Daí, corri para conseguir duas passagens de milhas para SP e um hotel.

Depois do trabalho na segunda corri para lá (minha esposa foi um pouco antes) e o avião chegou razoavelmente na hora.

Ficamos meia hora no hotel e partimos para o Teatro Alfa que, aliás, é muito bacana.

Com 30 minutos de atraso, graças ao pessoal mal-educado que espera até literalmente o último minuto para entrar e sentar (só vão aprender se os organizadores do show trancarem as portas com eles fora), o show começou. Primeiro tivemos o prazer de ouvir aquele grupo de crianças carentes que o maestro havia visitado. Muito simpático dele convidá-los.

Ennio Morricone, com 79 anos (completa 80 em novembro desse ano), entrou depois do Coral Paradiso de 80 pessoas e da Orquestra Roma Sinfonietta de cento e poucos membros. Foi muito aplaudido. Sem uma palavra, começou o show, diretamente com o tema principal do fime The Untouchables. Forte, pontente, a música invadiu o teatro, juntamente com o insuportável barulho de meia dúzia de repórteres mal-educados que insistiam em clicar a performance toda. Pelo preço que paguei e pela falta de respeito, deu vontade de chutar os caras para fora. Mas, por sorte, os organizadores estavam por perto e depois de 1 minuto eles foram escorraçados.

Assim, pudemos ouvi o Tema de Deborah (de Once Upon a Time in America), seguido de Poverty e o tema principal desse mesmo filme. Perfeito! Nada a reclamar. O maestro acabou a primeira metade da Parte 1 com o tema de The Legend of 1900 (não um dos trabalhos mais conhecidos do mestre mas, mesmo assim, brilhante).

A segunda metade da Parte 1 começou com o tema de Cinema Paradiso e acabou com o tema de Malèna. Em outras palavras, Ennio Morricone tocou seguidamente 3 músicas de 3 filmes de Giuseppe Tornatore.

A segunda metade da Parte 1 foi dedicada aos westerns de Sergio Leone. Primeiro foi o tema de abertura de The Good, The Bad and The Ugly (talvez a mais famosa obra do compositor), depois o tema de Once Upon a Time in the West, depois o tema de Duck, you Sucker (esse filme tem títulos horríveis em todas as línguas que já vi - também é conhecido em inglês como A Fistful of Dynamite, em português é Quando Explode a Vingança e, em italiano, é Giù, la Testa).

Para encerrar a Parte 1, Ennio Morricone chamou a soprano Susanna Rigacci e regeu The Ecstasy of Gold, música brilhante do inesquecível "trielo" do final de The Good, The Bad and The Ugly. Sensacional!

Ennio Morricone foi aplaudido efusivamente e agradeceu muito mas não disse uma palavra, nem mesmo obrigado.

A segunda parte começa com o tema de Mosè, uma série de televisão da década de 70 que também foi editada e virou filme. Nunca o vi mas a música, suave, é muito boa. O tema de Marco Polo (um filme feito para TV) seguiu Mosè.

O tema de Pecados de Guerra e a música "cantada" Abolisson (de Queimada ou Burn!) foram tocadas. Achei o coro repetindo "abolisson" o tempo todo meio irritante mas essa é uma reclamação injusta talvez. Outra música cantada - em inglês - se seguiu: Here's to You (de Sacco e Vanzetti). Não sei também não. Não caiu bem para mim.

No entanto, qualquer reclamação que eu tivesse naquele momento foi para o espaço pois o maestro regeu em seguida 3 músicas de The Mission: Gabriel's Oboe, Falls e Come in Cielo Cosi' in Terra.

O show havia acabado: foi aplaudido de pé por vários minutos; saiu e voltou do palco algumas vezes e nós da platéia não nos cansamos de aplaudir.

Para nossa surpresa, ele volta e rege o tema de Once Upon a Time In America novamente. É aplaudido de pé novamente.

Volta mais uma vez, dessa vez com a soprano a tiracolo, para tocar The Ecstasy Of Gold novamente. O teatro vem abaixo de aplausos.

Volta novamente e toca o tema de The Mission. Ele me pareceu bem emocionado pois o pessoal (nós) não paramos de aplaudir em pé. O show havia acabado mas foi difícil fazer o pessoal parar de aplaudir e sair.

Ao fim, foram um pouco mais de 2 horas de música sensacional, criada e regida por um garoto de 79 anos cuja voz nem sequer ouvimos durante o show.

O show ficará gravado em minha mente para sempre. Sem igual. Valeu cada centavo!

Parabéns ao maestro.

Nota: 10 de 10 (talvez seja até uma nota baixa para o que foi realmente)

Um comentário:

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."