Vivemos uma época em que é impossível apreciar um filme com Os Muppets. Afinal, são marionetes de pano falantes e não efeitos especiais em computação gráfica. O filme nem em 3D foi lançado, imagine isso! Além do mais, o tipo de humor e os valores passados são coisa do século XX, ou seja, completamente ultrapassados.
Se você julga Os Muppets dessa maneira, por favor, nem continue lendo essa crítica. Você provavelmente é um cara bem "jovem", "moderno", "esperto" e que obviamente não pode apreciar filmes bobos de marionete feitos para criança. Eu só peço que você também não vá ao cinema para ver esse filme pois, na minha sessão, vários de vocês, "jovens", infernizaram a minha vida (e de vários outros) com comentários cretinos em voz alta a cada segundo, conversas e textos ao celular e saindo e entrando a todo momento, como se estivessem na casa de vocês. Fiquem em casa e assistam a filmes "adultos" realmente bons como Fúria de Titãs (o novo), Lanterna Verde ou Santuário...
Se você julga Os Muppets dessa maneira, por favor, nem continue lendo essa crítica. Você provavelmente é um cara bem "jovem", "moderno", "esperto" e que obviamente não pode apreciar filmes bobos de marionete feitos para criança. Eu só peço que você também não vá ao cinema para ver esse filme pois, na minha sessão, vários de vocês, "jovens", infernizaram a minha vida (e de vários outros) com comentários cretinos em voz alta a cada segundo, conversas e textos ao celular e saindo e entrando a todo momento, como se estivessem na casa de vocês. Fiquem em casa e assistam a filmes "adultos" realmente bons como Fúria de Titãs (o novo), Lanterna Verde ou Santuário...
Ultrapassado esse momento que usei para desopilar o fígado (ufa, estava precisando!), devo dizer que eu me diverti com a volta dos Muppets. Poderia ter sido melhor mas eu gostei mesmo assim.
Longe das telas do cinema desde 1999, quando Muppets no Espaço foi lançado, as imortais criações de Jim Henson, foram compradas pela Disney e colocadas na geladeira. Meio que sem saber o que fazer, a Disney se preocupou mais em usar os famosos personagens em seus parques de diversão do que dar o destaque que eles mereciam. Mas, depois de muito matutarem, o conglomerado acabou comprando a ideia de um filme, cujo roteiro foi montado por Jason Segel (que também atua no filme como Gary) e Nicholas Stoller. A direção ficou ao encargo de James Bobin (egresso da televisão, em seu primeiro filme de cinema).
E que ideia teria feito a Disney se movimentar? Ora, foi algo bem simples: o filme conta, em uma espécie de meta-narrativa, a própria estória do esquecimento dos Muppets. Caco (agora usando seu nome original, Kermit) e sua trupe estão separados, depois de anos de sucesso. Quando dois irmãos (Gary, um humano e Walter, uma marionete) fãs dos personagens, descobrem que o velho estúdio dos Muppets está para ser tomado e destruído por um malvado magnata do petróleo, ele saem, junto com Mary (Amy Adams), a namorada de Gary, para reunir os Muppets para que eles possam amealhar 10 milhões de dólares para salvar o dia.
E a trama básica funciona perfeitamente. O que não funciona, porém, é o equilíbrio entre as duas partes principais do filme. Enquanto a reunião dos Muppets tem pouco destaque, com os personagens sendo retirados de seus trabalhos atuais para ajudar na missão meio que a toque de caixa, a parte final, em que um show é montado para que os espectadores liguem para fazer doações, é dolorosamente longo e arrastado. Depois que Caco (ainda prefiro o nome pelo qual ele ficou conhecido no Brasil) é convencido a engajar-se na cruzada, os quatro partem pelos Estados Unidos e Europa para recolher os outros Muppets. Enquanto alguns poucos têm destaque, como Fozzie e Animal, outros são completamente largados e relegados a segundo plano. A própria Miss Piggy, que, apesar de muito chata, é um dos mais engraçados personagens do grupo, é tratada rapidamente, sem muita cerimônia. Não sei mas tenho para mim que um pouco mais de reverência a cada um dos personagens separadamente teria tornado a estória mais interessante pois, depois, o que vemos é, apenas, um longo show musical entrecortados pelas tentativas de sabotagem do magnata Tex Richman (Chris Cooper).
No entanto, esse desequilíbrio no roteiro não impede que alguns momentos antológicos sejam mostrados na tela. Um deles é a desde já clássica "viagem via mapa". Lembram aqueles mapas que são mostrados em filmes como os do Indiana Jones em que a viagem dos personagens é marcada como um risco vermelho indo de cidade em cidade? Pois bem, os Muppets vão até a Paris assim e de carro! Outro desses momentos é o simpático "vício" de Animal por sua bateria.
Tenho apenas uma outra reclamação: a Disney somente lançou esse filme dublado e muitas piadas foram perdidas na tradução. Uma pena.
Por fim, reconheço que o humor dos Muppets é, de fato, antiquado (uma palavra forte mas talvez bem adequada). No entanto, esse tipo de humor representa uma época mais simples, mais inocente, algo com um sabor muito especial. Não dá para simplesmente ignorar filmes como esse ou, por exemplo, o mais recente do Ursinho Pooh. Ao contrário, temos que aplaudir os esforços de se trazer filmes como esse para os cinemas. Para apreciar Os Muppets, tentem relaxar e limpar a mente de piadas escatológicas que povoam as comédias de hoje e voltem um pouco no tempo. O filme, mesmo com todos os seus defeitos, é muito divertido e cheios de valores que, hoje, infelizmente, foram relegados a décimo-segundo plano.
Nota: 7 de 10
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