Ficou claro que esse desenho é imperdível, não?
Mas vamos aos detalhes. O filme, co-dirigido por Sarah Smith e Barry Cook, conta a estória da família Noel adaptando-se aos novos tempos. Sai o antigo trenó puxado por renas e entra uma nave espacial em formato de trenó. Papai Noel (Jim Broadbent, no original), em sua 70ª e, em tese, última missão, nada mais é do que um velhinho simpático que já não faz o mínimo de esforço para entregar os presentes, já que seu exército de duendes faz tudo por ele, usando tecnologia de ponta. Lá do Pólo Norte, do centro de comando, o filho mais velho do Papai Noel, Steve (Hugh Laurie, no original) coordena tudo. Ele está feliz pois, já no Natal seguinte, será o novo Papai Noel. Também no centro de comando, vive o resto da família Noel, especialmente Arthur (James McAvoy, no original), cuja função é responder correspondências de crianças, já que é muito estabanado para qualquer outra atividade. Acontece que, por um problema técnico, uma criança fica sem presente e Arthur, ajudado pelo velho rabugento Vovô Noel (Bill Nighy, no original) têm que resolver a questão já que tanto Steve quanto o próprio Papai Noel consideram essa falha como irrelevante sob o ponto de vista estatístico.
A premissa, em si, é bastante simples. O que separa Operação Presente das demais animações e, especialmente, das animações natalinas, é a forma como a questão é abordada. Ainda que Arthur seja aquele típico personagem irremediavelmente "bonzinho", os demais não são bem assim. Steve é um tecnólogo que mais parece um general cuidado da operação de invasão de um país inimigo. Papai Noel é um velho cansado que já esqueceu o espírito do Natal. Vovô Noel, que ajuda Arthur na missão, é um velhinho 100% politicamente incorreto, com piadas ferinas de tons até mesmo machistas e preconceituosos.
Ao mesmo tempo que vemos o embate entre o novo e o velho, entre o tecnológico e o antiquado, vemos um resgate do verdadeiro espírito do Natal em todas as suas dimensões. Nada é verdadeiramente imposto ou explicado aos personagens. As coisas vão acontecendo naturalmente, com Steve notando que não sabe lidar com crianças, com o Papai Noel percebendo que o Natal é mais - muito mais - do que uma operação militar de entrega de presentes - e Vovô Noel notando que é um velho azedo e egoísta. Arthur, em si, não muda ao longo do filme pois ele é a encarnação do próprio espírito do Natal, uma pessoa efetivamente preocupada em fazer o bem, custe o que custar.
Toda a genialidade da retratação dos personagens, porém, não fica atrás da forma como a estória é contada. A computação gráfica é excelente, ainda que não seja excepcional. Mas pegue, por exemplo, a missão de abertura do filme: a entrega dos presentes mundo afora. É um primor de direção e inventividade. Tudo que precisamos saber sobre o filme, para que ele possa começar efetivamente, fica claro nesses 10 minutos iniciais. Veja, também, a viagem volta ao mundo que Arthur dá com um duende embrulhador de presentes e Vovô Noel (e uma rena caindo aos pedaços) no trenó clássico puxado pelas descendentes das renas originais. Repare nos detalhes de como as renas são banhadas no "pó de pirlimpimpim" para fazê-las alçar voo. O filme consegue nos surpreender a cada momento, em cada detalhe, graças à genialidade e frescor dos estúdios Aardman.
O final, claro, é completamente dentro do espírito natalino e não poderia ser de outra forma. Mas a viagem até esse final óbvio é divertida demais, inteligente demais para simplesmente deixarmos esse filme para lá. Trata-se de um dos melhores do ano, na verdade.
Bom, com isso, agora só me resta desejar aos meus leitores um Feliz Natal!
Nota: 9,5 de 10
Gostei muito do filme
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