O tema desse filme é fascinante: ele conta a estória, sob o ponto de vista de Colin Clark (Eddie Redmayne), de sua relação curta, mas intensa, com a megastar Marilyn Monroe (Michelle Williams), em 1956, quando ela foi para a Inglaterra filmar The Prince and the Showgirl (O Príncipe Encantado, em português), protagonizado e dirigido por Laurence Olivier (Kenneth Branagh), considerado, ainda hoje, como um dos maiores atores de todos os tempos. Baseado em um livro de memórias de Colin Clark, todo o filme é tratado como baseado na realidade mas uma pesquisa um pouco mais detalhada revela que Colin Clark - um diretor britânico falecido em 2002 - pode ter inventando tudo.
Apesar da relação entre Clark e Marilyn Monroe ser o foco do filme, o que mais chama a atenção é a relação da atriz com Laurence Olivier e, também, com seu então terceiro - e último - marido, o dramaturgo Arthur Miller (Dougray Scott). Já sufocada pelo sucesso, Marily Monroe é uma ruína só, ainda que belíssima. Ela se atrasa para as filmagens, erra o diálogo, quer alterar cenas e tudo o mais que deve ser muito comum em divas como ela. Além disso, Marilyn vive com Paula Strasberg (Zoë Wanamaker) a tira-colo, sua "treinadora". Todos esses problemas deixam Laurence Olivier completamente maluco e extremamente irritado com a atriz e consigo mesmo, tendo em vista que foi ele quem fez questão de escalar Marilyn para seu filme. Olivier sabia que, no meio das filmagens, ele não pode simplesmente mudar a atriz principal e insiste com Marilyn.
A relação com Arthur Miller não é menos complicada. Recém-casados, Miller tem que se acostumar com o estrelato da esposa e sua própria dedicação ao trabalho. Sua irascível personalidade fica clara no filme e o choque com Marilyn é constante.
Colin Clark vê tudo isso como um espectador, imediatamente tomando as dores de Marilyn e entendendo o porquê de ela ser assim, tão difícil e tão incompreendida. Essa sua compreensão e a extrema fragilidade da atriz fazem com que os dois fiquem juntos por um tempo. Clark sente aquele tipo de "amor de menino" por Marilyn enquanto que ela vê nele uma fuga, ainda que breve, para seus problemas.
Kenneth Branagh está um show no filme, com uma atuação cativante e perfeita. E olha que ele faz o papel de um dos maiores atores que já viveram. Também muito bem escalada está Julia Ormond, no papel de Vivien Leigh, então esposa de Olivier. Ela aparece razoavelmente pouco no filme, mas, quando está em cena, deslumbra. Dougray Scott não faz muito mais do que uma ponta mas ele simplesmente é Arthur Miller. Já Eddie Redmaye atua de maneira simpática apenas, sem nada de especial.
E esse parágrafo, vocês já devem imaginar, será dedicado a elogiar a atuação Michelle Williams. Mas não é bem isso não. Devo dizer que, ainda que o trabalho de caracterização e maquiagem tenha sido perfeito, confesso que não gostei da atuação dela. A atriz tem potencial mas, aqui, ela tenta muito ser Marilyn Monroe e acaba errando na mão e cria um personagem caricatural que só conseguiu me distrair toda vez que estava em cena. E o contraste fica ainda mais gritante nos momentos em que Williams contracena com Branagh, Scott e Ormond.
Sete Dias com Marilyn nos traz um pequeno e muito interessante momento na história do cinema que acaba sendo engolido pela estória lateral e pouco chamativa do romance - verdadeiro ou não - de Marilyn Monroe com Colin Clark e desviado pela atuação marcada e forçada de Michelle Williams.
Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.
Nota: 7 de 10
A atuação de Michelle Williams fou fantástica. Mas confesso que esperava um filme mais cativante.
ResponderExcluir