quarta-feira, 25 de abril de 2012

Crítica de Filme: Iron Man (Homem de Ferro)

Um dos filmes mais esperados do ano - Os Vingadores - estréia nessa sexta-feira e, por isso, resolvi fazer meus comentários sobre os únicos dois filmes produzidos pela Marvel Studios que ainda não havia criticado, começando cronologicamente por Homem de Ferro. Amanhã será o dia de O Incrível Hulk. Meus comentários sobre os demais filmes que antecedem Os Vingadores estão aqui: Homem de Ferro 2, Thor e Capitão América: O Primeiro Vingador.

A não ser que você viva no fundo de uma caverna no interior do Brasil ou simplesmente odeie qualquer filme que não seja em preto-e-branco, falado em francês e fora-de-foco, então você sabe que a Marvel (hoje, tecnicamente, Disney, ainda que sejam estúdios fisicamente separados) vem, desde 2008, fazendo um fantástico trabalho de dar vida ao seu universo dos quadrinhos. Não que Homem de Ferro tenha sido o primeiro filme de um de seus heróis. Muito ao contrário, há vários outros filmes de heróis Marvel mas que foram produzidos por outros estúdios, com um controle (bem) limitado sobre o que a própria Marvel poderia apitar nesses filmes. Nessa esteira, temos ótimos filmes como X-Men 1 e 2 e, mais recentemente, o incrível X-Men: Primeira Classe, todos da Fox; os fracos Quarteto Fantástico 1 e 2, também da Fox, e os terríveis Elektra (olha a Fox aí novamente) e Motoqueiro Fantasma, esse último da Sony. Há ainda vários outros, isso sem contar em uma enorme quantidade de séries de televisão live action e animadas.

Mas o que a Marvel vem fazendo desde 2008 é simplesmente sem precedentes. Ela vem costurando um clímax a partir de 5 filmes independentes passados em um mesmo universo, ou seja, fazendo exatamente o que está acostumada a fazer nos quadrinhos. Todos os filmes que citei acima, apesar de contarem estórias diferentes, são mantidos colados uns aos outros por pequenos detalhes, uns discretos (como o soro usado no Abominável ser uma versão do soro do Capitão América) até os mais óbvios, representados pelas já famosas cenas pós-créditos. E o melhor de tudo é que a Marvel conseguiu manter uma certa consistência na geralmente boa qualidade de seus filmes.

Homem de Ferro foi o primeiro e, portanto, a aposta mais arriscada da Marvel. Como trazer um herói altamente tecnológico para as telas de maneira crível e sem gastar um valor estratosférico, especialmente considerando que esse herói, ainda que muito familiar para aqueles que leem quadrinhos, não era tão conhecido assim do público em geral?

A primeira resposta para essa questão foi respondida com a perfeita escalação de Robert Downey Jr. no papel do multi-milionário bon vivant Tony Stark. Quem não conhece os quadrinhos aceita Downey Jr. pelo seu usual charme e qualidade de atuação (quando ele realmente quer, como foi o caso em Homem de Ferro). Quem conhece os quadrinhos (e, para eles, há vários Easter Eggs), chega à conclusão que Stan Lee deve ter viajado ao futuro, visto o ator atuar e voltou para o passado para criar o personagem à sua imagem. Robert Downey Jr., como ele deixa claro ao final do filme, é o Homem de Ferro. As demais escalações, Gwyneth Paltrow no papel da secretária de Tony, Pepper Potts, Terrence Howard, no papel do melhor amigo de Tony, Rhodey e, finalmente, Jeff Bridges no papel do bandido Obadiah Stane, também não ficam muito atrás.

A segunda resposta para a mesma questão foi o tom irreverente dado ao filme. Ele consegue ser um drama quando precisa ser e uma comédia leve por quase todo tempo. Isso retira o peso que alguns heróis carregam (como o Cavaleiro das Trevas de Nolan) e significa um approach diferente a esse tipo de filme, meio que voltando ao estilo Richard Donner de filmar Superman.

A terceira resposta foi o design. Desde a armadura Mark 1, pesadona e pouco prática, até o modelo mais moderno, passando pela mansão e os carros de Stark e pelos figurinos dos atores, tudo aponta para uma coisa só: sofisticação. O filme é visualmente lindo e irretocável.

A quarta resposta foi o roteiro. Não houve perfeição aqui, pois o finalzinho, com a luta das armaduras, não é totalmente satisfatório e, talvez, até simplório demais. De toda forma, a estória até esse momento é cativante: Tony Stark é um multimilionário fabricante de armas. Em um teste de sua tecnologia mais recente para o exército americano em pleno oriente médio, Tony é capturado e obrigado a construir tecnologia para os bandidos. Durante a captura, ele se fere gravemente no coração e só consegue sobreviver montando um minireator Arc para manter os fragmentos de metal de explosivos longe de seu órgão vital. Meio recuperado, Tony e o outro prisioneiro, Yinsen (Shaun Toub), no lugar de fabricar um armamento para o exército inimigo, criam uma armadura para permitir a fuga. Quando Tony volta aos EUA, ele está mudado e decide alterar sua política de fabricação e venda de armamentos, o que irrita seu sócio Obadiah Stane, já que as Indústrias Stark ganham muito dinheiro com a venda indiscriminada de armamentos. Tony passa, então, a melhorar sua armadura, até chegar ao icônico modelo vermelho e dourado, passando a ter uma vida dupla.

As peças do roteiro se encaixam muito bem, com uma levando à outra naturalmente e de maneira muito crível. E eu acho que é aí que sentimos a presença do trabalho de Jon Favreau na direção (ele faz também o papel de Happy Hogan, o motorista de Tony). Egresso de filmes infantis de pouco destaque como Um Duende em Nova Iorque e Zathura - Uma Aventura Espacial, Favreau dá um toque todo especial ao filme, mostrando-se um excelente diretor de atores, ainda que não tente alçar grandes vôos em termos da direção com um todo.

Homem de Ferro continua sendo o melhor dos 5 filmes produzidos pela Marvel Studios e um dos melhores filmes de super-herói já feitos, isso pelo menos (talvez) até depois de amanhã, quando o clímax de cinco anos de trabalho duro do estúdio será revelado para a parte sortuda do mundo (o filme só estréia na semana que vem nos EUA ). Quem viver, verá.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 9,5 de 10

Um comentário:

  1. Tony Stark é um grande empresário que tem se dedicado a tecnologia, Robert Downey Jr. mas é alguém que tem muitas facetas, uma das quais é a auto advogado de defesa de seu pai na história do juiz, um filme extraordinário. Eu vi esse post me lembrou do filme e eu mencioná-los, eu espero que eles possam ver, o desempenho do ator é muito bom.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."