quinta-feira, 26 de abril de 2012

Crítica de filme: The Incredible Hulk (O Incrível Hulk)

Só para ficar claro logo no começo: essa crítica é do filme dirigido por Louis Leterrier, de 2008, não do primeiro longa metragem do gigante verde (para cinema) dirigido por Ang Lee e lançado em 2003. Dito isso, O Incrível Hulk foi o segundo filme produzido diretamente pela Marvel Studios em sua bem sucedida tentativa de reunir cinco heróis diferentes, de cinco filmes diferentes, em um sexto filme - Os Vingadores - cuja estréia se dará em poucas horas aqui no Brasil. Como só não havia feito minhas críticas sobre dois desses cinco filmes, tratei de retificar esse problema ontem com meus comentários sobre Homem de Ferro e, hoje, com os comentários que seguem. Meus comentários sobre os demais filmes que antecedem Os Vingadores estão aqui: Homem de Ferro 2Thor e Capitão América: O Primeiro Vingador.


Apesar de nunca ter sido um seguidor fiel das estórias em quadrinhos envolvendo o Hulk, tenho que reconhecer que ele é um dos personagens Marvel mais interessantes que existem. Criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1962, esse icônico personagem foi inspirado pela famosa estória de O Médico e o Monstro, de 1886, escrita por Robert Louis Stevenson (aliás, é uma leitura que recomendo!). É a velha - e hoje muito batida - estória de personalidades duplas. Em Hulk, Lee e Kirby levaram tudo ao extremo, criando uma persona originalmente cinza (ficou verde por razões de impressão das revistas) e extremamente poderosa de um pacato cientista. Somado a esse aspecto literário e filosófico há, ainda, a menção à guerra fria já que Bruce Banner só se tornou o Hulk em vista de exposição a raios gama de um teste de bomba atômica.

O filme de Louis Leterrier já nos apresenta a um Bruce Banner transformado, ou seja, não é uma estória de origem. Essa decisão da Marvel foi muito acertada pois a origem (ou "uma" origem) já havia sido apresentada na versão de Ang Lee e, além disso, todo mundo sabe mais ou menos como o Hulk virou o Hulk. Mesmo assim, porém, nós vemos uma esperta montagem na abertura do filme, lembrando aos espectadores como aconteceu o acidente (que, na releitura modernosa, não tem nada de bomba atômica ou bomba gama).

A partir daí, acompanhamos Bruce Banner (Edward Norton) escondido em uma favela no Rio de Janeiro (no filme é a Rocinha mas, nas filmagens, é a Tavares Bastos). Por um azar, ele acaba dando pistas ao General "Thunderbolt" Ross (William Hurt) onde ele se encontra e o general, que parece não ter mais o que fazer a não ser capturar o Hulk, manda o exército americano baixar no Rio de Janeiro para capturar o monstro. E a coisa continua nos EUA só que lá Banner tem que enfrentar ainda outra ameaça, a maluquice de Emil Blonsky (Tim Roth), que aceita ser tratado com uma versão do soro do supersoldado (aquele, que criou o Capitão América) e se transforma no Abominável, um mostro mais feio ainda do que o Hulk. No meio disso tudo, temos o eterno amor de Banner, a bela Betty Ross (sim, filha do general), vivida por Liv Tyler.

Devo dizer que, muito diferente de várias críticas de li por aí, O Incrível Hulk respeita seu material fonte e é um filme tão divertido como os demais filmes da Marvel Studios, certamente bem melhor que Homem de Ferro 2. Nunca entendi o relativo fracasso do filme na bilheteria mas talvez tenha relação com a proposta mais "cerebral" de Ang Lee, que fracassou brutalmente com um final sem pé nem cabeça.

Em O Incrível Hulk, Leterrier nos entrega exatamente o que esperamos: um filme de ação constante, ótimos efeitos especiais e um roteiro bastante azeitado. Sobre os efeitos, o Hulk é muito bem feito, com feições que lembram de longe as de Norton. Ele parece realmente ser real, com "peso" e também sentimentos. É possível simpatizar com o monstrão de calças roxas muito facilmente. Já em relação ao Abominável, achei seu design muito reptiliano demais. Por um lado isso torna fácil desgostar dele mas, por outro, afeta um pouco o "realismo" do filme. De toda sorte, em linhas gerais, os efeitos são muito competentes e a luta final entre os dois é muito bem coreografada, por assim dizer.

Edward Norton parece estar se divertindo no papel de Bruce Banner, apesar da notória dificuldade que é lidar com o ator nos sets de filmagem. Sua competência, porém, compensa sua personalidade e ele nos dá um Banner ao mesmo tempo frágil e certo do que quer.

Mas o que torna esse filme uma verdadeira diversão é seu escopo mais intimista que lembra muito a famosa série setentista estrelando Bill Bixby como Banner (não Bruce, mas David) e Lou Ferrigno, pintado de verde, como o Hulk. Aliás, há várias menções à série espalhadas pelo filme, desde cenas na televisão com o finado Bill Bixby até o próprio Lou Ferrigno em uma brevíssima ponta.

O Incrível Hulk não desaponta e mostra que a Marvel definitivamente descobriu a fórmula mágica de filmes de super-heróis. Agora é torcer para que a DC Comics faça o mesmo com seus heróis.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8 de 10

6 comentários:

  1. Gosto muito desse filme. Pra mim é a adaptação definitiva do hulk para o cinema e apagou aquele equívoco que foi a versão do ang lee.

    Não entendi porque deu oito e não dez, já que seu texto elogia bastante o filme.

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  2. @ Rafael - Minha nota levou em consideração o que achei dos demais filmes produzidos pela Marvel. Não gostei de O Incrível Hulk tanto quanto Iron Man, Capitão América e Thor mas gostei mais do que Iron Man 2. Mas tudo é muito subjetivo. De toda forma, 10 eu não daria para Incrível Hulk. Em termos de filmes de super-heróis, essa nota fica reservada para Dark Knight e X-Men: First Class e, talvez, para o primeiro filme do Superman (o de Richard Donner).

    Abraço!

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  3. Parabéns pelo texto.

    Eu assisti esse filme com um certo receio, devido a adaptação de 2003, achei que seria mais do mesmo, mas, como gosto do personagem dei mais uma chance.

    Esse filme vale ser visto e revisto com certeza!

    Abraço.

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  4. @ d é h - Pois é. Há um certo preconceito é má vontade com o Hulk muito por causa do filme do Ang Lee. Mas O Incrível Hulk dá a volta por cima e, agora, com a participação bem destacada do personagem em Os Vingadores, talvez haja uma luz no fim do túnel para uma continuação...

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  5. Bela crítica, "Ritter Fan"!

    Quando li essa sua crítica, fui direto procurando um DVD para assistir o tal filme. Acabei de assistir "O Incrível Hulk" hoje, e posso dizer com todas as minhas palavras, sem qualquer exagero: é um ótimo filme.

    A cena em que o Hulk está lutando com o Abomination (Blonsky) e solta um "HULK ESMAGA!!" é celebre e uma das melhores do filme.

    Com toda a certeza, merece ser visto e revisto...

    Um abraço!

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  6. Valeu! Realmente, a pancadaria final é muito divertida mas a briga contra as canhões sônicos também é ótima.

    Volte sempre.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."