segunda-feira, 21 de maio de 2012

Crítica de filme: Mirror Mirror (Espelho, Espelho Meu)

Tarsem Singh saiu de Imortais, um filme para adultos banhado em sangue, para Espelho, Espelho Meu, uma adaptação da estória da Branca de Neve para o mesmo público infantil ao qual essa estória é universalmente conhecida em uma questão de meses. Isso, pelo menos, mostra que o diretor é versátil. Mas, infelizmente, não ajuda muito para mostrar que ele consegue ir além dos visuais deslumbrantes e de algumas premissas amalucadas e exageradas.

Espelho, Espelho Meu é muito colorido, com belos figurinos e direção de arte (uma característica marcante do diretor desde seus primeiros filmes). Tem também uma computação gráfica bela, ainda que artificial (de propósito, eu diria). Mas a estória é fraca, muito fraca, nada mais do que uma desculpa para colocar a heroína Branca de Neve nas mais diversas situações cômicas e de ação com objetivo de levá-la do ponto A ao ponto B sem que se tenha que pensar muito. É uma espécie de be-a-bá do roteiro seguro padrão de Hollywood.

Mas falemos primeiro da estória para as duas ou três pessoas no mundo que não a conhecem. Branca de Neve (Lily Collins) é uma princesa solitária, que vive dominada por sua madrasta, a Rainha (Julia Roberts), depois que seu pai desapareceu misteriosamente na floresta. A Rainha, claro, maltrata seus súditos mas Branca de Neve fica alheia à tudo isso até que a Rainha, consultando seu espelho mágico, descobre que Branca de Neve em breve será mais bela do que ela. Enviada para a morte na floresta, Branca de Neve foge e se encontra, claro, com sete anões que, nessa versão, são sete ladrões que usam engenhosas pernas-de-pau para parecerem gigantes. Enquanto isso, o atrapalhado Príncipe Alcott (Armie Hammer) que acaba conhecendo Branca de Neve um pouco antes da fuga, cai na rede da Rainha, que o quer para casar e, claro, dele tirar toda sua riqueza.

Cada momento da estória parece uma cena de teatro. E digo isso pejorativamente. Afinal de contas, teatro não é cinema, sendo duas artes diferentes, que devem ser tratadas como tais. O que vemos em Espelho, Espelho Meu é a utilização de diversos cenários diferentes com atuações quase que mecânicas e sem graça de seus atores principais. Julia Roberts é o único destaque mas, mesmo assim, isso não quer dizer muita coisa. Como atriz mais experiente, ela devora Lily Collins, Armie Hammer e todos os demais, dominando toda e qualquer cena em que está presente. Mas sua atuação não deixa de ser caricata e, em última análise, rasa e unidimensional, algo que, infelizmente, o roteiro exige de todos os atores.

Sim, o filme é bonito e colorido como já disse. Mas isso nem de longe é suficiente para compensar as piadas sem graça e as tais atuações teatrais, com cenários que parecem - e são, claro - completamente artificiais. Tarsem Singh tem seu estilo e consegue mostrar, ainda que discretamente, que é um bom diretor. Mas, se ele continuar embarcando em roteiros da estirpe de Espelho, Espelho Meu, sua carreira será curta, a não ser que ele acerte a sorte grande e dirija algum filme que realmente caia no "gosto do povo" apesar do roteiro algo que, tenho vergonha de confessar, é cada vez mais comum.

Espelho, Espelho Meu é um belo filme "Sessão da Tarde" que talvez seja apreciado pelos bem pequenos. Aos adultos, resta apreciar a arte e as cores fortes, assim como, talvez, a atuação mais contundente de Julia Roberts. De resto, ele pode ser esquecido.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 4 de 10

8 comentários:

  1. Eu acabei de assistir ao filme e como você disse ele é bem estilo "Sessão da Tarde" hahahahaha Se você viu o trailer e gostou, provavelmente não irá se arrepender quando assistir ao filme. Bom, eu adorei! Fui assistir sabendo que não seria uma "obra de arte" que iria concorrer ao oscar... mas é aquela historinha que todo mundo adora ver se repetir. A única parte realmente cômica do filme são os anões... eles foram ótimos e serão lembrados (por mim) quando assistir outra sequência de Branca de Neve. Adorei ler sua crítica, concordo em grande parte com ela mas mesmo assim recomendo o filme. Abraços!

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    1. Realmente, a parte com os anões é bem bolada. Mas não compensa os diversos tropeços desse filme. Abraço!

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  2. Pra variar, muito boa crítica. Entretanto, vi o filme hoje e concordo com o Matheus, é possível se divertir desde que não o veja com muita expectativa. Achei a história rasa sim, mas de vez enquando é interessante assistir um filme que reconta um história sem enchê-la de detalhes pesados e explicações detalhadas, rsrs. Pra assistir com a irmã mais nova pode ser um ótima idéia. Eu recomendo! :)

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    1. Felipe, obrigado.

      Sobre o filme, tenho certeza que, vendo com os pequenos, ele fica melhor.

      Volte sempre!

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  3. estória? não seria história?

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    1. estória refere-se a contos ou lendas e história, a um fato que ocorreu, um acontecimento histórico.

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    2. estória refere-se a contos ou lendas e história, a um fato que ocorreu, um acontecimento histórico.

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  4. Ainda não assisti a esse filme e confesso que não esperava muito dele, de qualquer forma, filmes estilo "Sessão da Tarde" estão surgindo aos montes por ai :(

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."