segunda-feira, 28 de maio de 2012

Crítica de filme: Men in Black 3 (MIB³ - Homens de Preto 3)

O primeiro Homens de Preto é um ótimo filme que, arrisco dizer, marcou uma época. A continuação, no entanto, foi muito fraca, não exatamente das piores mas, mesmo assim, muito aquém de seu potencial. A segunda continuação resgata um pouco do charme do original e consegue trazer efetivas novidades para a série, ainda que, mais uma vez, não seja um filme tão bom quanto o primeiro.


Toda a turma principal de Homens de Preto está de volta: o diretor Barry Sonnenfeld, o maquiador (o genial criador de monstros, na verdade) Rick Baker, o compositor Danny Elfman e os atores Tommy Lee Jones (Agente K) e Will Smith (Agente J). E, de quebra, o roteirista Etan Cohen (nenhuma relação com Ethan Coen, por favor) criou uma estória com viagem no tempo, um artifício que consegue fazer com que quase todos os filmes de ficção científica fiquem bons, pelo menos no meu livro.

Além disso, a viagem no tempo ainda permite algo que, na verdade, é uma faca de dois gumes: a inclusão de outro ator no papel do Agente K mais novo. O lado bom disso é que o ator que passa a encarnar o agente é Josh Brolin que, de tanto estudar Tommy Lee Jones em Homens de Preto, literalmente transformou-se no ator. É de assustar até, mas no bom sentido! O lado ruim é que Jones não faz mais do que uma ponta de luxo na obra, aparecendo um pouco no começo e no fim da fita.

A estória também traz um vilão interessante: Boris, o Animal (Jemaine Clement). Mas não porque ele é terrivelmente original no que faz e no que adiciona à estória. Na verdade, sua originalidade vem do soberbo trabalho de maquiagem e computação gráfica que acabou criando um dos vilões mais visualmente interessantes - e nojentos - dos últimos anos. Trata-se de um ogro sem um braço que vive há 40 anos preso em uma prisão de segurança máxima para alienígenas, localizada na Lua, graças ao Agente K, ainda novato, em 1969. O filme começa com sua fuga da prisão (com um product placement muito original dos famosos sapatos de sola vermelha de Christian Louboutin) e posterior viagem no tempo para 1969, de forma a mudar a história e apagar o Agente K da existência. Resta ao Agente J também voltar no tempo para impedir o vilão.

E um afro-americano voltando para a preconceituosa década de 60 nos EUA, claro, é um perfeito trampolim para boas piadas. Da mesma maneira, Josh Brolin como um Agente K mais relaxado, em começo de carreira, renova a relação do primeiro filme entre K e J, devolvendo algum frescor à fórmula. Também não prejudica a presença de Michael Stuhlbarg (do ótimo Um Homem Sério) como um estranhíssimo E.T. que vive na 5ª dimensão e consegue ver vários futuros alternativos, além de um sem fim de referências aos filmes anteriores e à década de 60 em geral.

Mas o filme, inevitavelmente, cai nas armadilhas das continuações e repete vários elementos dos filmes anteriores. E o roteiro acaba tratando de muitos assuntos ao mesmo tempo, sem resolver satisfatoriamente todas as pontas. Por exemplo, toda a questão envolvendo a razão de o Agente K ser rabugento não tem uma explicação boa, se é que tem alguma. Contudo, a diferença é que Homens de Preto 3 tem o tempo ao seu favor: são 15 anos desde o lançamento do primeiro (ignoremos o segundo por um momento). Esse elemento permite que o espectador use sua vaga lembrança do original (vaga se você não for um fã inveterado, claro) para catapultar as qualidades da continuação. Além disso, os fatores tratados acima - Josh Brolin, viagem no tempo e um vilão bacana - são verdadeiros atrativos para o filme.

Barry Sonnefeld, no final das contas, faz um filme digno que agradará a todos, mesmo aqueles que torcem o nariz para continuações (como este que vos escreve, aliás). E um detalhe: vale a pena, quem puder, assistir em IMAX 3D. Não pelo 3D propriamente dito pois esse artifício é absolutamente desnecessário ainda que não prejudique a obra, mas sim pelo formato de tela gigante (ou o mais próximo disso, considerando que as telas IMAX, no Brasil, são nanicas) que, especialmente no clímax e nas engenhosas cenas de viagem no tempo, faz o filme sobressair-se. 

Crítica do Plano Crítico: Homens de Preto 3.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 7,5 de 10

3 comentários:

  1. Não vi o filme, mas você não acha que apelar para viagem no tempo quando essa não é uma característica original de uma história soa como falta de criatividade?

    Parece que eles não tinham mais o que contar e aí usaram o velho artifício de viajar no tempo para consertar algo que fizeram no passado.

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    1. Rafael, eu até concordo sim. O recurso da "viagem no tempo" é algo realmente batido em filmes mas, quando bem feito, é eficiente para impulsionar a estória.

      Em Homens de Preto 3, a viagem no tempo é bem costurada no roteiro e os efeitos especiais da viagem em si são bem originais. E o recurso acabou possibilitando a entrada de Josh Brolin (ainda bem que não rejuvenesceram digitalmente o Tommy Lee Jones!) e o ator contribui de verdade para o filme.

      Dito isso, reitero que concordo com você mas, na verdade, para mim, o verdadeiro fato que mostra que Hollywood está com crise de criatividade é a profusão de continuaçõoes, prelúdios, refilmagens e tudo mais de filmes estabelecidos. A viagem no tempo, na verdade, é o de menos.

      O que acha?

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  2. Concordo. Esse excesso de refilmagens e prelúdios é lamentável. No gênero ficção científica então está cada mais difícil aparecer um filme original que não tenha ligação com nenhum feito antes.

    O último que eu me lembro é A Origem, que eu até acho superestimado, mas pelo menos era uma novidade.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."