Crítica de show: Rock in Rio 2011 - Dia final (02 de outubro)

Como eu comprei dois ingressos do Rock in Rio antes de saber o line-up, acabei escolhendo meu segundo dia pela presença do Guns N' Roses. Com Metallica no dia do Metal, o primeiro dia já havia sido decidido facilmente. Sobre o Guns, já assisti a três shows deles, inclusive com a imbatível formação original. Desde que eles brigaram e o Guns passou a ser composta apenas pelo excêntrico Axl Rose, com outros componentes aleatórios, perdi o interesse neles. Mas não posso negar que Appetite for Destruction e G N' R Lies são dois clássico do rock.

Mas vamos aos meus comentários sobre o último dia do Rock in Rio IV:


Palco Sunset:

1. Titãs + Xutos & Pontapés:

Chegamos minutos antes de começar Titãs, exatamente nosso objetivo. Com esse show, ficou mais claro ainda na minha cabeça que essa divisão em dois palcos não faz muito sentido artístico. Pode até ser que, por razões operacionais, seja melhor ter dois palcos separados mas aí, a escolha tem que ser melhor, mais criteriosa. Deixar Detonautas e Pitty no Palco Mundo e relegar os Titãs (por duas vezes) ao Palco Sunset é, no mínimo, uma falta de respeito.

E, de fato, os Titãs fizeram um ótimo show de uma hora, junto com os "patrícios" do Xutos & Pontapés. Tocaram clássicos do grupo como Cabeça Dinossauro, Comida, Bichos Escrotos, Aa Uu  e Polícia, empolgando a galera. Mesmo os sucessos - que não conheço - do grupo português foram muito bem escolhidos e complementaram bem o show. Não posso deixar de lembrar, pois me fez rir, o vocalista do Xutos cantando o refrão de Polícia com o peculiar sotaque português. Muito divertido!

Nota: 8 de 10

Palco Mundo:

1. Evanescence:

Continuando a estória que mencionei em meus comentários sobre o Dia do Metal, minha ignorância musical é impressionante. Somente havia ouvido falar de Evanescence e, o que vi no palco Mundo do Rock in Rio (com 15 minutos de atraso pois resolvi ficar até o fim do show do Titãs) foi uma mistura de rock gótico com rock "farofa" (não considero isso um demérito, que fique claro) que muito me agradou. A voz de Amy Lee é poderosa e tem enorme presença, ainda que as músicas em si não cheguem a empolgar. Mas acho que é o estilo em si que talvez não funcione bem em palcos gigantes e plateias de 100 mil pessoas.

De toda maneira, o Evanescence fez um show competente e deu vontade de conhecer mais sobre a banda.

Nota: 7 de 10

2. System of a Down:

Não tinha a menor ideia do quanto o System era conhecido por essas bandas. Quando a banda de metal entrou no palco e começou a cantar, toda a plateia explodiu e acompanhou as letras de protesto com muita competência, do começo ao fim. Eu fiquei "boiando" completamente.

Mas nem por isso deixei de gostar. Aliás, gostei muito de SOAD. O vocalista (Serj Tankian) tem uma amplitude vocal muito grande mas não chega a "vomitar palavras" como faz Corey Taylor no Slipknot (ok, faz parte do estilo) e isso me agradou muito. Além disso, Serj parece um cara normal, não um metaleiro, outra mudança bacana do padrão. Com isso tudo, dá realmente para entender as letras e apreciar as melodias. Não que o Slipknot seja ruim, muito ao contrário (vejam meus comentários sobre eles aqui), mas apenas que o SOAD me agradou musicalmente muito mais.

Por outro lado, o SOAD como um todo não faz aquele espetáculo quase que histriônico do Slipknot e, sem isso, acaba tendo menos presença de palco. Isso não é um problema, na verdade, apenas uma constatação. Serj não tem o carisma de um Bruce Dickinson ou mesmo de um James Hetfield, mas o show, como um todo foi muito bom.

O maior defeito da apresentação, porém, foi que ela "caiu" um pouco no terço final e isso não foi uma constatação só minha. Estava cercado de fãs enlouquecidos do grupo e mesmo eles não estavam muito empolgados nessa parte. Talvez o show tenha sido longo de mais, algo como 90 minutos, 30 minutos a mais do que o tempo regulamentar.

Nota: 8,5 de 10

3. Guns N' Roses:

Prezado Sr. Axl Rose:

Se quiser fazer um bom show de rock, volte às suas raízes, por favor. Você tem potencial ainda e suas apresentações clássicas, com o grupo original, eram incríveis. Segue uma lista do que não fazer:

a) Eu sei, chuva é um chateação mas nunca, em circunstância nenhuma, atrase o show por 1h40' por causa disso ou por qualquer outra frescura. Isso é um DESRESPEITO aos fãs que estão lá te esperando. Não tem desculpa para isso e, se por acaso isso for absolutamente necessário por razão de vida ou morte, ao menos PEÇA DESCULPAS NO PALCO AOS SEUS FÃS;

b) Continuando no tema "chuva", o Sr. não é feito de açúcar. Não tem razão alguma para entrar no palco vestido de banana madura gigante. Ficou ridículo;

c) Não comece com Chinese Democracy. Entenda que esse é seu pior disco de longe. Comece com Welcome to the Jungle. Até o título da música faz mais sentido para o início de um show seu;

d) Não reclame da vida e dos equipamentos o tempo todo. Seja menos rabugento. Há roqueiros muito mais velhos que você que não ficam enchendo a paciência com esses preciosismos;

e) Você está ficando velho. Não tente fazer com sua voz hoje o que você fazia na década de 80. Fica só patético. Adapte-se;

f) Não contrate três guitarristas que, apesar de bons (especialmente o barbudo) não lambem as botas do Slash;

g) Ainda no tema "guitarristas", por favor, POR FAVOR, não contrate um cara que imita o Slash em aparência. Você precisava mesmo contratar um cara que usa cartola preta e toca com um cigarro na boca???

h) Não faça o show durar 2h20' simplesmente para fazer o show mais longo do Rock in Rio. Toque ainda mais clássicos e não mande seus músicos tocarem quatro solos bastante desnecessários, especialmente um com a música tema da Pantera Cor-de-Rosa. Além disso, o "solo" de piano acho que minha filha pequena, que não toca piano, conseguiria aprender com 15 minutos de aula...

i) Ainda no tema acima, concentre-se nos SEUS clássicos. Ok, você fez ótimas versões de Live and Let Die e Knocking on Heaven's Door mas não precisa cantá-los sempre. Experimente os seus clássicos. Assim como você surpreendeu a todos tocando Estranged ontem, poderia ter tocado My Michelle, Reckless Life, One in a Million e outras;

j) Não deixe sua banda soltar um "U2" a troco de nada. Ficou só ridículo...

k) Não faça intervalos curtos entre CADA música. Para que isso? Para torrar a paciência da galera?

Mas, apesar de tudo, Sr. Axl Rose, seus clássicos são REALMENTE clássicos e foi bom ouvi-los ao vivo novamente. Por isso, sua nota não será tão baixa. Apenas não me espere novamente em um show seu pois o item (a) acima - RESPEITO AOS FÃS - é algo que não dá para desculpar.

Nota: 6 de 10