
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Crítica de filme: Hell Ride

Club du Film - Ano IV - Semana 01: Scarface

Presente de Natal

terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Crítica de filme: Space Chimps (Space Chimps - Micos no Espaço)

Assisti Valiant, o desenho animado sobre o pombo que se alista na força aérea britânica para lutar na 2ª Guerra Mundial contra os nazistas. O desenho, produzido pela Vanguard Animation, era muito bacana. Isso me deu esperanças quando soube de Space Chimps, da mesma produtora.
E posso dizer que a Vanguard até que consegue extrair uma limonada dos limões que tem. Partindo do fato que macacos foram usados como cobaias no programa espacial americano, a produtora extrapola e manda uma tripulação desses bichos para um planeta distante. Lá, eles têm que enfrentar um E.T. ditador, que usa uma sonda espacial americana que apareceu por aquelas bandas para dominar o planeta.
Não é lá uma limonada suíça, encorpada. Está mais para aquelas limonadas que o Bolinha vendia em frente de casa, nas revistinhas em quadrinhos, ou seja, bem aguadas. O filme diverte mas de forma bem rala e simples, sem pretender ser muito mais do que um desenho animado do tipo "Sessão da Tarde". Algumas piadas inteligentes para adultos aqui e ali e várias piadas rasteiras para as crianças (que, infelizmente, são sempre subestimadas nesses desenhos). A computação gráfica também não compromete mas também não inspira...
Vale o aluguel do DVD ao menos (se você tiver criança em casa, claro).
Nota: 5 de 10
What we've got here is a... failure to communicate. Some men you just can't reach.

A frase do título povoa minha cabeça há anos, desde que escutei pela primeira vez a música Civil War do Guns 'n Roses. Depois da música, eu a ouvi algumas outras vezes em outras situações mas nunca soube de onde era. Descobri há pouco tempo, quando assisti Cool Hand Luke, um clássico de 1967, estrelando Paul Newman, falecido este ano.
A estória é bem simples e o título em português, bem básico, é bastante descritivo do personagem título: Rebeldia Indomável. Paul Newman faz Luke um rebelde sem causa que acaba na prisão fazendo trabalhos forçados, por cortar parquímetros só de onda. Na prisão, tendo em vista seu carisma e atitude, ele logo se torna um ícone e todos os demais prisioneiros passam a "viver através dele". Seus colegas o admiram e querem ser Luke, com seu espírito inconformista e agitado.
Luke tenta fugir algumas vezes e, a cada fuga, a prisão fica mais dura para ele, com penas mais severas. Seu espírito quer se livrar do cárcere mas seus companheiros quase que o querem lá, sempre rebelde, para poderem beber da vivacidade de Luke. É muito interessante a relação dos prisioneiros com Luke e de Luke com os prisioneiros. Não há explicação para os atos de Luke a não ser que eles fazem parte de sua personalidade. Luke é assim e nada pode mudá-lo. Luke inspira as massas.
Apesar de não ser um filme complexo ou religioso, ele toma uns contornos muito interessantes, que culmina em um paralelo muito forte entre Luke e Jesus Cristo, inclusive graficamente na famosa cena em que Luke come 50 ovos cozidos (só vendo para entender). Fica claro desde o início que o destino de Luke é um só, sem dúvida semelhante ao de Cristo. Não sei bem o que o diretor e o roteirista quiseram fazer ao criar esse paralelo mas sei que o filme ficou interessante e, definitivamente, sedimentou a carreira estelar de Paul Newman.
Nota: 8 de 10
Sem imaginação

Nim's Island tem um trailer curioso. Mostra a garotinha Nim, que vive em uma ilha deserta com seu pai cientista. Um dia seu pai pega o barco e não volta e Nim fica sozinha, tendo que pedir ajuda ao seu personagem favorito, uma espécie de Indiana Jones, que ela acha que existe de verdade. Só que esse personagem (Alex Rover, vivido por Gerard Butler, que também encarna o pai da garotinha), obviamente, não existe e o contato dela é com a autora dos livros (Alexandra Rover, vivida por Jodie Foster) em que o personagem aparece. A autora e o personagem têm o mesmo nome, apesar de serem completos opostos: a autora é uma ermitã que vive dentro de casa e sofre de agorafobia (medo de lugares abertos); o personagem é um homem atlético que vive aventuras pelo mundo afora. Com o grito de socorro da garota, a verdadeira Alex Rover acaba partindo em seu resgate. Isso tudo você no trailer. O filme, obviamente, seria sobre as aventuras de Alex com Nim na ilha, certo?
Errado.
O trailer é toda a estória. Como obviamente deduzimos no primeiro centésimo de segundo do filme que o pai da garota não morreu e voltará, o filme TODO é sobre Nim na ilha, com algumas aventurinhas idiotas e Alex Rover tentando chegar na ilha, o que só acontece quando faltam uns 20 segundos para acabar o filme...
Inacreditável a perda de tempo para ficar vendo uma garotinha de 11 anos dar uma de Esqueceram de Mim em um ambiente tropical, ajudada por uma foca e um pelicano.
Só funciona para crianças bem pequenas, o que foi minha "desculpa" para assistir essa pérola.
Nota: 3 de 10
E os remakes não páram

Crítica de filme: Madagascar: Escape 2 Africa (Madagascar 2 - A Grande Escapada)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Crítica de TV: Desperate Housewives - 4ª Temporada

A saga do Cabeça de Balde

Não, não vou escrever sobre o Buckethead, guitarrista maluco que toca com um balde da KFC na cabeça. Quero falar sobre o Cabeça de Balde original, o Nova.
Quando era criança, li muito as estórias desse herói e achava muito bacana. Saudosista, resolvi caçar as revistas originais em sebos virtuais e acabei achando a coleção completa, composta apenas por 25 números.
Publicada entre 1976 e 1979, Nova foi uma tentativa da Marvel de introduzir um novo herói na linha do Homem-Aranha. A capa do primeiro número da revista não escondia esse fato, como vocês podem ver acima: "In the marvelous tradition of Spider Man!".
Mas Nova não era uma imitação de Homem-Aranha. A única coisa parecida era o fato de Nova ter como alter ego o adolescente Richard Ryder, estudante problemático tanto em sua vida na escola quanto em sua vida particular. Tirando isso, Nova tem uma origem mais parecida com a do Lanterna Verde, da concorrente DC. Vejamos: um extra-terrestre, depois de combater um monstro que dizimou seu planeta, chega próximo do planeta Terra com sua nave. Sabendo que vai morrer em vista dos ferimentos, ele transfere seus poderes aleatoreamente ao primeiro terráqueo que aparece, logicamente um americano. Com isso, Richard Ryder se transforma em Nova, um homem com poderes de vôo como um foguete, super-força, uma roupa que o protege das intempéries e, principalmente, um capacete amarelo que parece um balde.
É uma estorinha de origem tão vagabunda quanto outras de heróis semelhantes. É um adolescente picado por uma aranha radioativa, quatro amigos que, em vôo espacial são bombardeados por raios cósmicos, reagentes químicos que se misturam e coisas do gênero. Nada original, nada novo.
Nova, porém, era uma das esperanças da Marvel na turbulenta década de 70, que quase a levou à falência. As estórias apresentadas nos 25 números da finada série era bobinhas bobinhas mas tudo dentro do espírito da época. Lê-las hoje traz risos pela infantilidade e pouca complexidade. No entanto, isso também pode ser visto por um lado positivo: os quadrinhos, hoje, depois de obras seminais como Watchmen e The Dark Knight Returns, são extremamente sérios, além de necessitarem de um P.h.D. em história dos personagens (vide o estado lamentável de séries como X-Men hoje em dia, em que os personagens têm 40 anos de estórias nas costas, que precisam ser compreendidos e lembrados). Nova era um novo começo mas que, pelas poucas vendas, durou bem pouco. Sua estória nem acabou na verdade e foram necessários alguns números em séries contemporâneas como Fantastic Four e Rom para que a Marvel contasse tudo o que aconteceu com Nova ao final de sua série regular. Hoje, aparentemente, o personagem voltou com tudo mas, certamente, sem a inocência e a simplicidade dessa tiragem inicial.
Nota: 6 de 10
Um fenômeno de 50 anos

Não sou nem muito fã da Madonna. Resolvi assistir ao show só "por onda". Até gostava das épocas áureas dela, no começo da carreira, com Like a Virgin, Papa don't Preach, Borderline e outras clásssicas. Quando ela começou a fazer músicas dance, com hip hop, música eletrônica e outros gêneros que não gosto, larguei Madonna de lado. Assisti ao show dela no Maracanã há 15 anos e detestei, escutei o mais novo disco dela Hard Candy e detestei. Em outras palavras, tinha tudo para detestar o show dela mas, como sou um cara teimoso, resolvi tentar novamente.
O primeiro obstáculo foi a famosa dificuldade de se comprar ingressos pela internet. De fato, tentei, tentei e tentei por horas, mas acabei conseguindo, não exatamente o ingresso que queria mas algo suficientemente próximo (queria arquibancada central e acabei com a lateral - nada de pista para mim para esse tipo de show). Depois foi a dificuldade dos (des)organizadores para me entregar os ingressos. Paguei uma nota preta, aturei diversos telefonemas e e-mails de confirmação e, depois de quase uma eternidade, eu os recebi em casa.
No dia do show, nada de táxi ou carro. Caí na besteira de ir de táxi ao show do The Police e fiquei horas na volta tentando arrumar algum taxista que não estivesse querendo se aproveitar do momento para cobrar os tubos. Minha esposa teve a idéia de contratar uma van e assim fizemos. Ótima idéia.
Na hora do show, localizamos a entrada correta e começamos a procurar o final da fila. Quase demos uma volta inteira no Maracanã para achá-la. A desorganização era total, com policiais somente preocupados em se esconderem da chuva e nenhuma indicação pela (des)organização do evento...
Dentro do Maracanã, tudo cheio mas conseguimos um lugar debaixo do teto, para fugir de uma eventual chuva, que acabou chegando (fomos no domingo, dia 14/12). Na nossa frente, um bando de tietes imbecis...
Meu estado de raiva por ter entrado nessa roubada era indescritível.
Como se isso não bastasse, toma daquele DJ da Madonna de mandar músicas bate-estaca por intermináveis 40 minutos. E, para coroar tudo, a geriátrica Madonna se atrasou um bocado.
Dito tudo isso, estava, como podem imaginar, absolutamente pronto para odiar o show. E quebrei a cara...
Pode ser exagerado mas o show da Madonna foi o melhor espetáculo musical que já assisti. Não estou falando aqui da qualidade das músicas. Esse é o menor dos problemas. Estou falando de espetáculo com E maiúsculo. E olha que já assisti a muitos shows na minha vida...
Para começar, as músicas: ela conseguiu montar um set list que mesclou, de forma extremamente competente, as porcarias atuais com os clássicos de outrora ao ponto das porcarias ficarem boas. Mandou Spanish Lesson, do disco novo, juntamente com La Isla Bonita, um de seus clássicos. Tocou Vogue com a melodia de 4 Minutes do disco atual. Mandou um Borderline em estilo roqueiro trash. Arrrasou com Liike a Prayer que perdeu o viés católico de antes para abraçar uma celebração das religiões do mundo. Madonna ainda pediu para um fulaninho lá da fila do gargarejo escolher uma música para ela cantar mas avisou que só cantaria se ela gostasse da música. O cara, claro, escolheu errado e ela passou a bola para outra pessoa, que pediu Express Yourself. Acertou. Madonna cantou sem acompanhamento musical, junto com o público.
Tenho certeza que muitos leram que Madonna cantou algumas músicas com playback. Errado. Madonna cantou TODAS as músicas com playback (com exceção de Express Yourself, claro). A música de abertura, Candy Shop, já foi cantada com playback, sem a menor justificativa. No entanto, a pergunta é: isso estragou o espetáculo? A resposta é certamente não. Madonna não é uma roqueira. Canta músicas pop que, necessariamente, têm que ser acompanhadas de números de dança. Não tem como ela não usar playback, mesmo que tivesse 20 aninhos. O bacana é que ela não escondeu que usou playback pois toda hora abaixava o microfone para fazer algum passo e a música contiuava como se ela estivesse em estúdio. Há que se repetir: o show da Madonna transforma a música em um detalhe (se isso é bom eu não sei mas o que posso dizer é que não estava lá para um show intimista).
O palco do espetáculo parecia bem básico e tradicional, com a parte central, dois telões laterais e mais uma passarela que entrava na pista vip e terminada em um círculo. No entanto, de básico e tradicional esse palco não tinha nada. A passarela tinha uma esteira quase imperceptível. O círculo ao seu fim tinha iluminação no chão e tinha toda uma parte hidráulica para sua subida e descida. Acima desse círculo, havia uma estrutura que baixava um telão redondo, todo de LEDs, que criava sensacionais imagens em combinação com o telão atrás do palco.
O figurino de Madonna e de seus dançarinos também era muito bem pensado, assim como a coreografia. Dava para ver que a equipe criativa da auto-intitulada Rainha do Pop gastou muito neurônios - e muito dinheiro - na super-produção. Até carro antigo no palco tinha...
E a própria Madonna, costumeiramente fria e pouco comunicativa em seus shows, falou bastante com a platéia, muitas das vezes para reclamar da chuva, que foi inclemente.
De toda forma, o conjunto da obra do show de Madonna me fez esquecer todo o processo até a entrada no Maracanã e me fez apreciar a cinquentona de uma forma que jamais imaginei possível: ela realmente sabe o que está fazendo e realmente oferece aos seus fanáticos fãs um show de extrema qualidade, que consegue disfarçar suas fraquezas como cantora.
Espetáculo é isso: sensacional mesmo para uma pessoa como eu que não é fã, não gosta da fase atual da moça e detestou o último disco.
Nota: 10 de 10
Mais um remake

Crítica de TV: The Wire - 1ª e 2ª Temporadas
